Foi de forma completamente inédita que a organização dinamarquesa da BLAST Pro Series permitiu que cinco equipas espanholas jogassem a qualificação para um embate no palco da Madrid Arena contra os melhores jogadores do mundo. Uma, e apenas uma, teria oportunidade de encontrar Astralis, Na’Vi, NiP, ENCE e Cloud9 dias 10 e 11 de maio, em Madrid.

Um dia antes, na press room, f0rest era o primeiro entrevistado pela equipa da RTP Arena. O jogador dos NiP referia-se à participação dos Giants no qualificador. Ao lado e ao ouvir, dennis comentava “Pois, o fox está cá”. Seria um bom presságio?

Ao longo do dia, e depois do desfile de todos os jogadores na sala de imprensa, chegava a vez dos Movistar Riders. Já sabíamos que as equipas se conheciam bem, habituadas à disputa recorrente na LVP, e que a vitória poderia recair sobre uma ou outra. Oscar “Mixwell” Cañellas dizia prontamente que estava a preparar-se a treinar 11 horas por dia. Quando confrontado com as declarações do adversário, fox respondeu tranquilamente: “Estamos a treinar 14 horas por dia. A confiança da nossa equipa em LAN é diferente. Vamos dar tudo e estamos mentalizados de que vamos ganhar”.

Assim, Vodafone Giants e Movistar Riders tentaram a sorte no primeiro dia do torneio frente a uma plateia maioritariamente vestida de vermelho e verde, apoiada por fãs portugueses que, do Porto e de Lisboa, viajaram até Madrid para mostrar a todos de que é feita a vontade lusa e a vontade de vencer.

Foi também a primeira vez que a organização da BLAST autorizou a entrada de público no recinto no primeiro dia do torneio. O percurso da claque dos Giants até à arena deixou um rasto vermelho e verde no ar que dificilmente será esquecido.

Pouco antes do duelo inicial já ecoava na arena o hino português, quase a fazer lembrar os momentos inesquecíveis da BLAST de Lisboa. De bandeira em punho ou às costas, não houve silêncio em Madrid nem voz espanhola capaz de gritar mais alto.

fox, MUT, rmn, KILLDREAM e ZELIN foram verdadeiros heróis depois de três batalhas em Nuke (16-14), Overpass (10-16) e Vertigo (16-12). Estava garantida a qualificação em Madrid; estava lançada a aventura portuguesa por terras espanholas. Estávamos a fazer história no CS português.

Foi rmn que dirigiu as primeiras palavras da equipa: “Estou muito cansado; um bo3 destes esgota-nos, mas posso dizer que sem o apoio do público seria muito mais difícil. Agora só temos de fazer um upset às melhores equipas do mundo. É esse o nosso objetivo”.

Vê a antevisão dos jogadores portugueses:

Seguiram-se os Cloud9 (14-16) em d2 num jogo que os portugueses mereciam ter vencido. “Jogámos bem, mas podíamos perfeitamente ter ganho. Devíamos ter entrado melhor a t; a ct cometemos erros básicos”, dizia MUT na flash interview.

Minutos depois arrancava nuke frente aos Astralis. O igl português dizia: “Sabemos que eles têm um recorde que ninguém consegue bater, mas nuke é um mapa onde nos sentimos confortáveis. Vamos tentar não cometer erros e dar o nosso melhor”. A última partida do dia ficava, assim, 7-16 com a equipa dinamarquesa a manter a maré de sorte.

O dia (cheio!) terminava com fox a revelar que a equipa acusou alguma inexperiência, mas sem nunca perder a confiança. O eco português na arena será para sempre lembrado, com a mancha nacional a regressar a Portugal durante a noite.

Sábado não podia ter arrancado de melhor maneira.

Arena quase cheia (não tão cheia como a portuguesa) com o primeiro confronto do dia frente aos NiP novamente em nuke. Pistols do nosso lado, vitória ronda após ronda, boas concretizações, muitos matchpoints de diferença e o gigante português a levar 16-4 sobre os suecos. MUT imparável, quad kill logo na primeira ronda. O que mudou? “São jogos diferentes e depende do estilo de jogo das equipas. A nossa estratégia é todos nos completarmos. A sorte esteve do nosso lado”. Neste momento, e matematicamente, ainda era possível chegar à final. “Queremos dar uma vitória aos portugueses que estiveram cá ontem e agora estão em casa. Sabemos que é possível”.

Seguia-se d2. “Somos os underdogs. Os NiP foram surpreendidos e agora os Na’Vi também podem ser. Vamos continuar a fazer o nosso jogo”. E fizeram, apesar da derrota 4-16. Jogar a final estava automaticamente de fora, mas faltava defrontar apenas a equipa que levou os Astralis à final do major em Katowice. Os ENCE venciam por 16-14 em overpass, num jogo com muita luta de parte a parte. O orgulho português mantinha-se intacto.

“Agradecemos todo o apoio. Quanto à participação fica um sabor amargo, porque tínhamos dois mapas praticamente ganhos. Não conseguimos ler o jogo de certas equipas, como dos Na’Vi ou dos Astralis, porque improvisam muito, mas acho que podemos bater qualquer um”, comentava fox no final.

Quanto aos membros da equipa, fox foi claro: “A chave é o esforço do MUT e do AIm. KILLDREAM, rmn e ZELIN são jogadores de skill pura, mas a quem dou muito valor neste momento, não retirando valor aos outros obviamente, é ao AIm e ao MUT que têm trabalhado mesmo muito, estão desgastados. Agradeço a todos”.

E o futuro?
“Mostrámos que temos potencial e vamos trabalhar ainda mais para alcançar troféus. O ponto alto da minha carreira vai ser quando conseguirmos entrar no Tier 1 com uma equipa de cinco portugueses”.

Vai acontecer. Estamos todos a torcer por isso; agora um passo mais próximos.

“Obrigado a todos que vieram ou assistiram online. Continuem a apoiar porque é importante para os miúdos da equipa (risos) e é isso que nos dá força para continuarmos a trabalhar”.

Vê o resumo da participação dos Giants:

Os finlandeses ENCE venceram os Astralis em nuke e train na BLAST Pro Series Madrid. O dia terminou depois da conferência de imprensa e o rescaldo da experiência não podia ser mais positivo.

Os Giants foram verdadeiros gigantes e os portugueses voltaram a mostrar que são o melhor público de CS do mundo. Até à próxima, Madrid!

PUB