Depois de assegurarem a presença no qualificador fechado da FLASHPOINT, sAw prepara-se também para o primeiro evento em LAN, a fase de grupos da LPCS. A RTP Arena esteve à conversa com Ricardo “AIm” Almeida, treinador da equipa portuguesa, para saber de que forma lidaram com a eliminação polémica do qualificador do Minor, expectativas para ambas as competições que estão prestes a arrancar e a metodologia de trabalho da equipa.

A equipa está em treinos há sensivelmente um mês, tendo já conseguido obter alguns resultados inéditos para a comunidade portuguesa, tal como a qualificação para o qualificador fechado da FLASHPOINT. Como te sentes em relação a este progresso de um projeto que ainda é recente?

AIm: Para ser honesto, sempre foi o meu sonho ter cinco pessoas extremamente dedicadas, até enquanto jogador, e foi a primeira vez que eu vi, principalmente em Portugal, existir uma equipa em que todos partilham a mesma mentalidade e com a mesma entrega, e isso notou-se muito neste mês. O que nós conseguimos alcançar só em termos de map pool é inacreditável, nós conseguimos ter uma base bastante sólida em 6 mapas! A treinar, já conseguimos resultados que eu nunca consegui alcançar desde que sou jogador, em nenhuma equipa. Por exemplo, conseguimos ganhar (e dominar) a equipas de Tier 1. E isto é só o início! Somos 6 pessoas, a contar comigo, que todos os dias querem mudar alguma coisa que não esteja a correr bem, adicionar coisas novas, evoluir constantemente e com o principal objetivo de manter a consistência, porque, sabemos, depois os resultados vão acabar por aparecer. Mas não estava a contar, honestamente, que tivéssemos um progresso tão rápido.

 

Infelizmente, não foram capazes de alcançar a presença no qualificador fechado do Minor, após um último jogo que terminou em polémica devido ao problema de ligação que sofreram na última ronda do encontro e a indiferença da equipa adversária face aos vossos pedidos para parar. Poderá este resultado que vocês consideram injusto afetar o psicológico dos jogadores para o qualificador fechado da FLASHPOINT que começa amanhã?

AIm: Estou mesmo desiludido com o que se passou, mas não, de modo algum. Nós conhecemos o nosso valor e sabemos que, embora tenha ficado apertado, tínhamos aquilo controlado, de certa forma. E também sabemos que, mais tarde ou mais cedo, vamos conseguir eliminar estes jogos mais apertados contra este tipo de equipas. O que aconteceu foi infeliz, mas não ficamos chateados e muito menos de forma a que a situação nos afete para o futuro noutros torneios, até porque o que podemos retirar daqui é que vamos deixar de ser ingénuos, porque eu tenho a certeza absoluta que se fosse ao contrário, eu iria insistir para reiniciar a ronda caso estivesse na posição deles. E tenho a certeza absoluta de que, se eles perdessem a ronda, iam pedir para reiniciar! Aliás, os dois admins com quem fomos falar eram polacos. Mas pronto, acontece, aprendemos com isso e foi uma lição. Antes perder assim do que contra malta a “cheatar”, como já aconteceu.

 

Como vai funcionar a distribuição de horários para a LPCS e os possíveis jogos do qualificador fechado? Já têm algo combinado com as organizadoras?

AIm: Já. Aliás, nós falamos com todas as equipas, com a LPCS e com a Clickfiel para saber se nos podiam ajudar, se podiam arranjar maneira de conciliar as competições e nisto não tenho qualquer razão de queixa, até pelo contrário, agradecemos imenso a disponibilidade de todos. Foram todos espectaculares e valorizo imenso isso. Nós até tivemos de comprar outros voos, o arki vem mais cedo e vai jogar com o stadodo a partir de um escritório no Porto, fazemos o media day da LPCS logo de manhã, às 9:00, e temos jogo contra os OFFSET às 10:00 porque pedimos para ser uma hora mais cedo. Depois do BO3 temos, mais ou menos, 30 minutos até ao outro jogo da FLASHPOINT, assumindo obviamente que conseguimos passar. Evidentemente que tudo depende da nossa performance: isto é o cenário ideal e, se nos permitirem jogar mais tarde, era altamente! Nesse aspeto, disseram que se tiverem de esperar que não há problema, que não precisamos de jogar pressionados, e isso é mesmo de louvar.

 

Fala-me um pouco das expectativas para este fim-de-semana, tanto a nível da FLASHPOINT como da LPCS.

AIm: Nós temos uma dificuldade, e estamos a aprender, que é saber como fazer vetos: nunca estivemos nesta posição. Isto porque nós agora já não temos só um ou dois mapas bons, temos mais, e temos dificuldade em saber o que escolher. É mesmo assim. Nós já treinamos contra estas equipas todas do FLASHPOINT e, em termos de map pool, sabemos que conseguimos ganhar um mapa seguro a todas, agora ganhar 2… aí já depende de muita coisa. Obviamente que eu acho que temos equipa para ganhar este torneio, mas entre eu achar e realmente conseguir, ainda vai uma boa distância. Essencialmente, nós temos um bom map pool e achamos que vamos conseguir chegar longe neste qualificador fechado.

Na LPCS, estamos relativamente tranquilos. Isto não é a menosprezar as outras equipas, até pelo contrário, mas eu sei que o pessoal quando joga contra portugueses tem uma mentalidade diferente e, entretanto, o orgulho intromete-se… mas estou confiante de que vamos passar.

 

Como estão os vossos resultados até ao momento a alinhar-se com os objetivos que se propuseram atingir, após falharem a qualificação para o fechado do Minor?

AIm: Nós não nos propusemos a atingir objetivos em termos de resultados, aliás, acho que isso é um dos maiores erros das equipas. Não me cabe na cabeça colocar um objetivo à equipa de, por exemplo, daqui a um mês vamos ter de ter seis mapas, e criar aquela pressão, ou então que vamos ter de ganhar este ou aquele torneio… epá, acho que não faz sentido. Vamos criar pressões totalmente desnecessárias, impostas por nós mesmos e iriamos estar a limitar o nosso potencial. Em vez de deixar as coisas fluirem naturalmente e tentar criar uma cultura dentro da equipa para progredir, as equipas geralmente criam esse tipo de objetivos… e eu não quero saber disso. Nunca quis, e muito menos com esta equipa. Eu já conhecia o JUST e o stadodo, mas não sabia como é que a equipa ia funcionar em conjunto e, se estivesse a colocar objetivos como, por exemplo, ir ao Major, já andavamos aqui todos amuados porque tinhamos falhado um deles. O nosso objetivo sempre foi – e sempre será – tentar evoluir todos os dias, chegar a um nível alto constantemente e depois os resultados acabam por aparecer.

 

Tu já trabalhavas com o trio de rmn, MUTiRiS e arki, assim como com o Torres. Como se têm adaptado o stadodo e o JUST ao vosso modelo de jogo?

AIm: Existe uma ideia totalmente errada da dinâmica da equipa. Eu não sou, nunca fui, nem quero ser quem dita o que se faz. Aqui existe uma equipa, antigamente existia um núcleo de pessoas dedicadas que estabelecia o que se ia fazer, porque estavam sempre presentes e a tentar inovar. Neste momento, eles adaptaram-se perfeitamente porque fazem parte do processo, cada um dá a sua opinião e tem a sua voz dentro da equipa. E isso para mim é o mais importante, todos poderem dar a sua opinião, todos poderem falar do que está a correr bem, o que está a correr mal, como vamos melhorar, como vamos reagir… aos poucos, com toda a gente a contribuir, as nossas bases vão melhorando. Como já disse, é a primeira vez que eu vejo em Portugal 5 jogadores assim: extremamente focados em melhorar, seja individualmente ou como equipa, e eles são um exemplo a seguir. Dou até um exemplo que acho que as pessoas não têm noção – eu já apareci no TS às 4 da manhã e estava a equipa toda a falar de táticas. E isto não é mentira. Dá-me uma motivação enorme, é incrível. Eu aqui não preciso de dizer a um jogador para aparecer, para falarmos, eu não preciso de fazer nada… porque toda a gente fala. E até digo mais, até o Marinhas dá a sua opinião, para perceberem o quão à vontade a equipa está, até porque ele assiste a todos os treinos. Falamos e testamos todos juntos, e isto está a ser das maiores lições que alguma vez tive em todos os anos que joguei CS. O que está a acontecer, e eu não quero dramatizar a situação, mas eu tenho aprendido imenso como treinador, como manager, como team mate, estou a aprender como construir a dinâmica correta da equipa e tem sido, sem dúvida, uma experiência altamente. Para resumir, ninguém está aqui pelo dinheiro e só isso é uma motivação enorme.

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