O ídolo francês e vencedor de Major, Richard “shox” Papillon, foi o convidado da 13.ª edição do programa Beyond The Legend da RTP Arena e abriu o coração aos fãs portugueses sobre uma carreira de vários altos e baixos.

Com passagens pelo Counter-Strike: Source e Counter-Strike: Global Offensive, “shox” ficou ligado a um dos pontos mais altos do CS francês aquando da vitória frente a Ninjas in Pyjamas na DreamHack Winter 2014.

Dos atritos à vitória no Major

O primeiro Major para França chegou com muito suor e dedicação de uma equipa que contava com “shox“, “NBK-” ou “Happy“. Num duelo levado a três mapas e que contou com overtime no decider, foi mesmo o quinteto francês a levar a melhor.

Esse foi mesmo um dos pontos altos da carreira de Richard Papillon mas também um dos momentos que marcou uma viragem na sua carreira como jogador profissional: “[Ainda antes da conquista do Major] A equipa começou a ter uns atritos desde o momento que lhes disse que já não queria ser entry (…) para nós seria óbvio que seria o ‘kioShiMa’, um jogador menos experiente, a jogar como entry, mas quando lhe disse que seria ele a assumir essa função, recusou”.

Percebendo as intenções da restante equipa e tendo sido o próprio “shox” a indicar o nome de “kioShiMa“, o atleta decidiu tomar as rédeas e assumir a posição de entry: “Se ele não o vai fazer, eu faço. Acredito nestes cinco e não quero introduzir outro jogador ou mudar os planos por causa de roles (…) e foi assim, jogámos dessa maneira e sabem do resto, ganhámos o Major”.

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Momento do erguer do troféu na DreamHack Winter 2014 – NBK-, kioShiMa, Happy, ShmithZz e shox

A passagem por Liquid

Mais recentemente, após passagens por G2 e posteriormente Vitality, Richard Papillon arriscou numa investida pelo cenário norte-americano e vestiu a camisola da Liquid: “Adorei o meu tempo por lá. Sentia a ligação ao clube, aos jogadores. Foi mais difícil no que toca ao estilo de jogo”.

As diferenças entre o estilo praticado no cenário NA e as melhores equipas da Europa levaram a uma adaptação mais lenta por parte de “shox“, que tentou ainda assim deixar a sua marca e conhecimento na restante equipa.

“Foi difícil porque o ‘nitr0‘ tinha acabado de voltar do Valorant, ele não tinha jogado CS durante dois anos. Dei o máximo para tentarmos estar na mesma página, foi muito trabalhoso e sim nós trocávamos muitas vezes de posições”, começou por sublinhar.

“Não foi fácil adaptar-me a eles porque acho que não estavam prontos, tanto o ‘nitr0‘ como o ‘adreN‘ estavam desatualizados em como se joga e eu só queria ajudá-los. Eles ouviam-me e realmente quando fomos para a Europa estávamos a melhorar bastante mas o problema foi o calendário”, esclareceu.

Mau planeamento na Liquid e o burnout

O jogador francês não esconde que o mau planeamento na equipa norte-americana foi decisivo para um dos pontos mais duros da sua carreira. “shox” aponta as viagens entre Europa e Estados Unidos, o muito tempo afastado da família e de casa como as principais causas do burnout que sofreu enquanto vestia a camisola norte-americana.

“Não estávamos assim tanto na Europa, estávamos na América do Norte. Treinar na América, para jogar na Europa é inútil”, apontou. “O nosso tempo na Europa fez-nos melhorar, mas depois voltávamos para a América e jogávamos mal novamente. Além disso havia alguns problemas internos”.

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shox representou a Liquid entre dezembro de 2021 e agosto de 2022

Os problemas de calendário e os atritos na equipa acabaram por deixar o atleta desgastado, levando-o a um burnout: “Estive longe de casa durante cinco meses, só fui a casa 25 dias. Era demasiado para mim. Tive um burnout, o primeiro da minha carreira e digo, foi mesmo difícil”.

Os conselhos e o futuro

Questionado por Ricardo “zorlaK” Sousa relativamente à possibilidade de partilhar alguns conselhos com jogadores mais jovens, o francês não hesitou: “Todos os outros jogadores mais velhos vão sempre adicionar algum valor conseguido através do muito tempo investido”, referiu.

“Ouçam a experiência e tentem o vosso melhor mas, ao mesmo tempo, o que te pode tornar especial e pode levar aos teus limites e não ser apenas mais um novo jogador (…) não esperes pelo jogador mais experiente, ou mais velho, não esperem pelos outros ou pelos conselhos. Eles podem inspirar-te mas, acima de tudo, tem de vir de ti. Sê creativo, sê tu próprio e traz algo que ainda ninguém trouxe. É assim que vais fazer a diferença. Faz algo nunca antes feito, sê algo que ninguém é”, concluiu.

shox vestiu a camisola da Titan em duas passagens

Relativamente ao futuro, após passagens por Apeks e Nakama, o histórico francês admitiu que ainda quer continuar a jogar, especialmente no Counter-Strike 2 mas arranjar uma nova equipa não depende só dele e apontou à contra-partida da idade.

A entrevista pode ser vista na íntegra no YouTube da RTP Arena.

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