A RTP Arena teve a oportunidade de experimentar o mais recente Diablo e a opinião do Commander Bonny não podia ser mais positiva.

A saga Diablo já remonta aos anos 90, mais especificamente 1997, e desde então apenas contou com mais duas sequelas diretas, isto sem contar com as multiplas expansões. A última, Diablo 3, foi lançada em 2012 para uma receção pouco positiva, não tivesse a Blizzard tentado reinventar a roda. O jogo depois recebeu algumas expansões que o tornaram mais apelativo, mas não é dele que estamos aqui para falar.

Finalmente, após 11 anos de espera, os fãs desta saga podem deitar as mãos ao mais recente Diablo para voltar a Sanctuary e viver uma estória passada 50 anos desde o fim de Diablo 3: Reaper of Souls.

O jogo conta com cinco classes disponíveis

Os jogadores do título anterior poderão não conhecer algumas das personagens que temos disponíveis para criar, dado que a empresa decidiu ir buscar classes antigas, ignorando as cinco classes introduzidas nesse jogo. Esta decisão chegou para muita pena minha que passei centenas de horas a jogar de Crusader no título anterior.

Esquecendo isso, numa tentativa de apelar aos jogadores mais antigos, o jogo conta com cinco classes disponíveis no lançamento: Barbarian, Sorcerer, Druid, Rogue e Necromancer, todas com habilidades únicas.

Habituado a jogar de Tank com grandes armaduras, admito novamente que fiquei decepcionado com as opções. O mais parecido era o Barbarian, mas mais virado para o ataque. Acabei por optar pelo Necromancer, a minha classe de eleição da segunda iteração da saga.

Como dizia antes, este jogo continua os eventos dos seus antecessores, trazendo para a ação a filha do ódio: Lilith. Durante a nossa campanha vamos ter vários encontros com esta vilã que é, para mim, uma das mais bem escritas de sempre na saga. Tudo em Lilith é criado de forma a sentirmos que ela é uma espécie de mãe protetora e preocupada com o futuros dos seus filhos, neste caso os habitantes de Sanctuary, contudo, nada passa de uma fachada para cumprir os seus mais macabros objetivos.

Vamos encontrar velhos e novos aliados e revisistar alguns dos vilões mais icónicos do mundo de Diablo, tudo enquanto desvendamos novas estórias neste mundo que não tem um momento de sossego da luta entre Anjos e Demónios.

A história está sombria e pesada onde não faltam momentos de tensão e até emocionalmente desgastantes. Segredos de familia e a dor da perda são temas comuns.

O jogo continua a promover uma atmosfera aterradora, incentivando a sensação de um dos mais básicos instintos humanos: o medo. 

Há algo nos Diablos que este captura na sua perfeição, que é o sentido de isolamento e desespero da nossa insignificância perante um mundo virado de pernas para o ar. Parece que no universo de Diablo, nem a paz é segura e o fim do mundo está sempre a uma virar de esquina.

Esta atmosfera é criada com recurso a uma banda sonora incrível que nos acompanha em todos os momentos, seja a fazer travessias pelo mundo aberto ou a ponderar os nossos movimentos nas centenas de Dungeons disponiveis.

O som ambiente também não deixa um único momento em vazio, deixando-nos sempre a pensar no que estará para lá do nosso campo de visão limitado pela camera isométrica – uma marca desta saga.

Temos a receita para um dos melhores ambientes de sempre num videojogo

Fazendo bom recurso deste modo de visão, temos ainda momentos assustadores como aranhas a descerem pelo nosso ecrã, em algumas cavernas, e trovões a rugir entre nós e o nosso personagem, usando todo o espaço do ecrã como uma cortina de imersão entre o jogador e o jogo.

Adicionando a tudo isto um grafismo de última geração, temos a receita para um dos melhores ambientes de sempre num videojogo. Certo é, que este tipo de ambiente não irá agradar a toda a gente, mas a forma como é criado é merecedora de todos os mais altos louvores. 

Claro que nem tudo são rosas, e houve algo que senti que podia ter sido mais bem trabalhado: as atuações. O jogo salta entre grandes entregas de falas, recheadas de significado que nos colocam a pensar, para falas que roçam o amadorismo, seja no texto, seja na forma como são interpretadas pelos seus atores.

Em termos de jogabilidade, o título abandona o sistema de zonas do anterior, apostando num mundo aberto. Este novo formato promove muito mais a exploração e dá uma enorme liberdade aos seus jogadores. Pelo mundo encontramos vários eventos, fazendo recurso do modo Live Service em que Diablo 4 se apoia, mais de uma centena e meia de Dungeons, e inúmeros Cellars, que são uma espécie de mini-Dugeons compostas apenas por 1 sala.

As Dugeons continuam a ser geradas aleatóriamente, excepto quando fazem parte de alguma missão ou conteúdo de estória. Já os Cellars são limitados na sua variedade e servem apenas para adicionar um desafio extra aos jogadores. 

Pelo mundo fora iremos ainda encontrar inúmeras missões secundárias que apesar de não nos avançarem na estória, promovem uma maior ligação ao mundo e às suas personagens, para além de nos presentaream com belas recompensas. 

A empresa percebeu bem como preparar um lançamento online

Completar missões, dungeons e cellars, e descobrir novas zonas contribui para fechar desafios que nos dão recompensas, como já acontecia no Diablo III. Este tipo de complecionismo dá-nos emotes e outros materiais para personalizar o nosso perfil. 

Tocando no formato Live Service, esta mudança trouxe a capacidade de dar nova vida ao mundo, adicionando outros jogadores às terras de Sanctuary, quase como se de um MMO se tratasse. Esta é uma mudança bem-vinda em parte, não fosse ela exigir que estejamos sempre conectados à internet para jogar, o que traz uma grande desvantagem. Infelizmente terminou a era de jogar Diablo em viagens à terrinha.

Apesar disso, o jogo teve um lançamento extremamente tranquilo, apesar de ser o jogo da Blizzard com maior número de vendas nos primeiros dias. Isto mostra que a empresa percebeu bem como preparar um lançamento online depois de sucessivos desastres com as expansões do World of Warcraft.

Como referi antes, optei por utilizar um Necromancer e baseei a minha build numa combinação de Bone Spear e Summons. Esta é uma forma clássica de utilizar esta personagem que com as possibilidades de movimento do novo jogo ganha todo um novo esplendor. Admito que em partes parecia que estava a jogar League of Legends, enquanto tentava “kitar” os monstros usando os meus esqueletos como escudo.

Para os mais desconhecedores, o facto de se usarem apenas 4 habilidades e duas formas diferentes de ataque pode parecer pouco, contudo, no Diablo, a forma como evoluímos estas habilidade e os passivos escolhidos promovem combinações como em poucos jogos existem.

A skill tree é uma das mais importantes armas nesta saga e deve ser minuciosamente esculpida à imagem do nosso modo de jogo.

Quanto à dificuldade: o desafio de Diablo IV não é muito elevado no início, sendo que rapidamente meti a dificuldade máxima possivel, a World Tier 2, para acelerar o meu desenvolvimento. Só após a campanha é que se pode aumentar para Tier 3 e Tier 4, o máximo atual do jogo. Já surgiram rumores que apontam a um lançamento em breve do World Tier 5. É de relembrar que o mundo evolui connosco, por isso não vão haver momentos em que a nossa personagem é demasiado forte para uma determinada zona.

A poesia sombria de Diablo e as suas questões nihilistas continuam sempre presentes

A poesia sombria de Diablo e as suas questões nihilistas continuam sempre presentes e fazem-nos desligar do mundo real durante as nossas sessões de jogo. As temáticas pesadas e extremamente psicológicas são, para mim, a magia desta saga.

Há dias li um comentário de um pai, que tinha jogado o primeiro Diablo aquando do seu lançamento, que dizia estar feliz por poder mostrar Diablo IV ao seu filho como um verdadeiro sucessor da saga, apontando o jogo como o melhor até hoje. Não sei qual a idade do filho e se o jogo será apropriado para ele, mas eu assino por baixo na segunda parte: este é o melhor Diablo já feito.

O Diablo IV foi oficialmente lançado no dia 6 de junho e está disponível para PlayStation 5, PlayStation 4, Xbox Series X|S, Xbox One e PC. Esta análise foi feita com recurso à versão de PC.

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