Com o fim de mais uma ROMAN IMPERIUM CUP II, Ricardo “roman” Oliveira falou à RTP Arena numa entrevista exclusiva sobre a nova etapa da sua carreira.
Dedicado à criação de conteúdo desde fevereiro, o antigo jogador de equipas como defs, K1CK, Alientech, Giants e SAW confirmou o adeus definitivo aos servidores, deixando um legado enorme que continua agora na qualidade de streamer.
A usufruir de uma ascensão meteórica na Twitch, o veterano de 33 anos surge como a nova cara do Counter-Strike português na Twitch, tendo feito já uso do seu estatuto para apadrinhar duas competições com bastante impacto na comunidade.
Após a vitória de SAW no torneio que distribuiu 5.000€ em prémios, a RTP Arena teve a oportunidade de conversar com roman sobre a sua iniciativa, o ponto final na carreira de jogador e transição para streamer, bem como os desafios e objetivos associados a esta.
Mais uma edição concluída com sucesso. De coração cheio após estes três dias?
Estou extremamente contente com os resultados. Acho que o pessoal adora e precisa ver este tipo de iniciativas para o CS em Portugal crescer. É por isso que o faço. Claro que há sempre aquele tema que isto aqui é quase para ajudar só os SAW, mas o objetivo mesmo é ajudar toda a gente.
Se eu quisesse ajudar só os SAW, tinha outras alternativas. Podia ser fazer só internacional, que ia dar muito mais pontos a toda a gente, ou fazia isto numa data em que os Gentle Mates não pudessem vir. Ia ser free, na outra edição eles perderam, nesta edição os SAW ganharam.
É o que é. No entanto, esta edição foi mais dura para mim, os jogos foram mais close, foi mais cansativo em termos de horas mas tive mais convidados. Tenho de agradecer a toda a gente que esteve aqui comigo a castar. Ajudaram-me imenso.
Mesmo que não falem muito, mesmo que tenham só a presença das pessoas, ajudaram-me imenso. Estou muito contente.

“O adeus foi feito há sete meses atrás, no palco, na PGL (…) acho que saí pela porta grande” Fotografia por: PGL
Como disseste, desta vez a Cup terminou com a vitória de SAW. Agora que estás fora de servidor, como tens vivido esta rivalidade ibérica entre SAW e Gentle Mates?
Acho que é muito fixe reviver esta rivalidade, porque acho que já não havia, não havia aquelas LANs ibéricas de antes, tipo ESL Espanha, LVP, também os qualificadores da BLAST que a RTP organizava, era altamente de jogar, porque havia aquela rivalidade, já sabíamos que íamos jogar contra eles: “desta vez vamos ser nós a ganhar, vamos ser a melhor equipa ibérica”, e isso também é o objetivo do torneio, que é para criar esta rivalidade, porque a nossa comunidade vive muito isso, e cresce também com isso.
Quanto a ver isto fora do servidor, claro que sou imparcial nisto. No último torneio custou-me um bocado vê-los a ganhar e a gritar, parece que o sangue ainda me ferve um bocado como se estivesse no servidor a perder, eu fico: “estes gajos estão a ganhar e a gritar”, começo a ver vermelho, mas, no fundo não me interessa, na realidade quem ganha não me interessa, porque quero é que o pessoal se divirta a ver, e o pessoal apareça sempre, isso é o mais importante.
Claro que sinto falta de competir e jogar estes jogos, que era o que mais me divertia, e aquele sentimento da vitória no final do jogo, não há nada melhor.
Já lá vão 7 meses desde que decidiste dedicar-te à criação de conteúdo. Este tipo de jogos, finais deixam aquela saudade, o adeus aqui é definitivo?
O adeus foi feito há sete meses atrás, no palco, na PGL, em Cluj. Eu já tinha dito numa entrevista à HLTV, há uns anos atrás, não sei qual foi a pergunta que o Mira fez, mas o que disse foi que tinha a certeza que os SAW eram a última equipa onde eu ia jogar.
A partir do momento em que fui metido no banco, sabia que nunca ia voltar e para mim é um ponto final na minha carreira, vou deixar de jogar competitivamente, porque não tenho energia nem vontade de começar do zero noutra equipa. Sabia que não havia oportunidades noutras equipas.
Talvez se começasse como IGL, mas uma equipa já estabelecida iria ser muito difícil. Portanto, para mim era mais que óbvio, estou cansado. Claro que sinto falta de competir e é a coisa que mais gosto mas sabia que isso um dia ia chegar e a mim pareceu-me que era a altura perfeita…
Num momento em que sou posto no banco, chegámos a playoffs e acho que saí pela porta grande, senti que era o momento certo e, por acaso, comecei a streamar e correu bastante também, mas começasse ou não a streamar, tinha essa decisão já feita.

“Se calhar estou a fazer um bom trabalho, ou simplesmente é divertido ver-me a divertir-me a mim mesmo” Fotografia por: roman/Gabriel Lemos
Agora o teu servidor é outro, é a Twitch e tornaste-te num fenómeno instantâneo, do dia para a noite. Alguma vez imaginaste que terias sucesso desta dimensão em tão curto espaço de tempo?
Nunca pensei nisso, nunca foi esse o objetivo. Faço isso porque me divirto. O que eu faço ali, eu fazia já no TS com o meu pessoal, com o pessoal daqui, era sempre a divertir-nos.
E agora só faço isso à mostra para toda a gente, fico extremamente contente que o pessoal goste e se divirta a ver e isso mostra que que se calhar estou a fazer um bom trabalho, ou simplesmente é divertido ver-me a divertir-me a mim mesmo.
Portanto, nunca pensei se ia ter sucesso ou não, nunca pensei. E já, desde há muitos anos atrás, vejo streamers, divirto-me a ver streamers, é algo que faço diariamente, inspiro-me também e admiro muito streamers, tanto cá como lá fora, e era algo que eu… já tinha streamado para aí em 2014, comecei a streamar aí, só que stremava mesmo muito pouco mas sempre que streamava, divertia-me.
Tinha acabado o torneio (PGL Cluj-Napoca), estava a fazer umas coisas fora do CS com um amigo meu que estavam a correr bastante bem, mas… olha, um dia, vou streamar, vou falar do que se passou, ver como corre e diverti-me nesse sentido, aseguir repeti, foi muito bom, e pronto, a partir daí foi mais fácil.
Sim, e neste momento tens uma enorme legião de fãs, mas também ela requer muito sacrifício, esforço e trabalho da tua parte. Quais é que dirias que são os maiores desafios que tens encontrado agora nesta nova realidade?
O mais difícil é a falta que tenho de competir. Não me vejo a streamar a jogar só FACEIT diariamente. Portanto, o que é mais difícil para mim é arranjar o que fazer para além de jogar FACEITs.
O meu objetivo diário é pensar o que é que vou fazer para não jogar FACEITs e trazer coisas novas para a stream, para que o pessoal que se divirta e envolver a comunidade. Quero que o pessoal se divirta e entre também nessa stream. Não é só ver.
Há pessoal que gosta só de ver e há pessoal que também se envolve. Eu gosto de envolver o pessoal nas minhas coisas também. Isso é o meu objetivo. E claro que o objetivo secundário é não jogar FACEITs, que é o que mais detesto. O mais difícil para mim é mesmo arranjar o que fazer que o pessoal possa gostar.
Tenho tratado disso, só que às vezes falham as ideias e também há dias em que a minha pilha social não é que devia estar e nesses dias prefiro não streamar porque a minha energia não vai ser a certa e, quando streamo, gosto de entreter, gosto de me divertir e quando sinto que isso não vai acontecer, prefiro não streamar.
Portanto, o mais difícil são esses dias e quando não sei bem o que fazer.

“Que cada vez mais pessoal apareça e o chat diga que quer mais disto” Fotografia por: roman/Gabriel Lemos
Acabaste por preencher uma lacuna que existia na comunidade, quer queiras, quer não, e este tipo de iniciativas só estão a contribuir para o seu crescimento. Quais é que são os teus próximos passos e objetivos enquanto streamer?
Não faço ideia, não tenho objetivos, eu vejo isto dia-a-dia, penso só na próxima stream, só se tiver um torneio em mente, quero fazer este torneio, isso requer uns passos a dar… mas penso quase só na próxima stream, o que faço na próxima stream, o que faço agora.
Lembrei-me de uma situação que gostava. Estávamos a falar aqui, até chegamos a esta ideia aqui na stream enquanto dávamos cast a uns jogos – voltar a fazer um HUB português na FACEIT, com os melhores jogadores e o pessoal a aparecer, para ajudar a crescer a comunidade, a aparecer melhores jogadores, o pessoal ter mais ambição a jogar.
Os streamers têm mais para fazer, que é jogar entre a comunidade que acho muito mais atrativo para o público. É também um exemplo da comunidade polaca que faz isto também. Eles têm um hub muito grande, em que os melhores jogam entre eles, para ELO e para prémios e é algo que eu gostava de fazer aqui também, vou tratar disso nos próximos dias.
Claro que a ideia surgiu há um dia. O Mucha já fez isso muito bem na altura, mas agora é complicado porque isto requer muito tempo dele e é preciso também dinheiro para admins, para prémios e tudo. Requer muito. Vou tentar pegar nessa ideia e nisso que o Mucha fez crescer na altura, que isso deu-lhe todo o mérito.
Fez um trabalho incrível aí e a gente fala disso ainda hoje. E, se calhar, vou ver se é possível ou não, o que é que posso fazer ou não mas é algo que ambiciono no futuro próximo. Portanto, objetivos é isso aí e o resto é stream a stream.
Que balanço é que fazes do teu torneio agora que a segunda edição terminou?
Senti a diferença do primeiro para o segundo. Já nas inscrições senti que o pessoal ia aderir muito mais. Senti que as inscrições fecharam muito mais rápido, houve equipas boas a ficar de fora. O pessoal já sabe, o pessoal quer jogar isto, sabe que é o torneio a jogar. Isso é algo que me ficou na mente, noto que precisam disto.
Em números não faço ideia nem me interessa. Vou ser honesto, o pessoal já me perguntou, não sei nem me interessa, não quero saber. Não quero saber de números, não faço isso para ter números. Claro que é bom para a minha marca, para mim, é bom, mas é irrelevante se tenho mais ou menos.
O balanço que posso fazer é do que vi. Eu só vi o CS a ser jogado, o pessoal a divertir-se a jogar e quanto a isso foi mesmo muito bom, diverti-me imenso. O nível que o pessoal apresentou foi muito fixe. Apareceram caras novas. Para mim, isso é o que quero.
Que cada vez mais pessoal apareça e o chat diga que quer mais disto. Isso mostra que estou a fazer um bom trabalho e estou a fazer o que o pessoal quer e que a comunidade precisa. Portanto, o balanço é muito positivo para mim.

“Eu acredito e gostava de ver uma equipa portuguesa lá (no Major)” Fotografia por: roman/Gabriel Lemos
O teu torneio acaba também por catapultar SAW no ranking. Dito isto, acreditas numa presença portuguesa no Major de Budapeste?
Se acredito? Claro que acredito, mas só dependem deles, porque o torneio decisivo é a Fragadelphia, aí é o torneio. Acho que se eles perdessem hoje para Gentle Mates, que não ia mudar nada, porque o torneio decisivo vai ser a Fragadelphia, eu acho.
Aí é que as pessoas vão fazer pontos a sério, porque as melhores equipas europeias estão lá, as que estão a lutar pelo spot do Major, esse vai ser o torneio decisivo, isso é quase como se fosse um RMR. Eu acredito, e gostava de ver uma equipa portuguesa lá, a voltar lá, porque nós já estivemos antes e queremos voltar. Ter só uma equipa portuguesa lá sabe a pouco.
Dada a comunidade dedicada que temos, sei que somos pequenos, mas o pessoal adora o jogo e trabalha todos os dias e ambiciona isso, e era muito bom para eles e para toda a gente da comunidade termos outra equipa portuguesa lá, porque isso atrai mais pessoal a jogar, atrai mais marcas para toda a gente, e vê-se que estamos a fazer muito trabalho nesta comunidade. Portanto, eu acredito nisso.
Roman, palavras finais de agradecimento que queiras deixar?
Quero agradecer a todo o staff que esteve aqui a ajudar, fez um trabalho incrível. A todo o pessoal que esteve aqui no sofá comigo a comentar, foi altamente. Ao pessoal que viu em casa, ao que viu na arena, a todas as equipas e principalmente ao KKM porque ele é a pessoa que mais trabalha nisto.
Eu não faço um “piço”, apareço aqui, é o que faço. Trato de uma coisa ou outra mas nada comparado com eles e é isso, agradecer a toda a gente.
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