Há sempre espaço para melhorias. Ou pelo menos é isso que a Valve pretende mostrar com o recente anúncio para a época competitiva 2017-2018. Apesar de dominar de forma incontestável o ranking dos eSports que mais dinheiro movimentam em eventos – e basta ver que em 2016 Counter-Strike e Dota 2 juntos representaram 57% dos valores movimentados em eventos de todo o universo de esports, com Dota 2 à cabeça, com 39% do valor total – o facto inegável é que há pontos a melhorar.
Embora a estratégia da Valve seja sustentável, com o The International a mostrar isso mesmo devido ao seu valor ascender já a 20 milhões de dólares, implicando uma faturação bruta na ordem dos 80 milhões por parte da Valve, certo é que, de certa forma, asfixia a maioria do investimento privado na scene.
Com a existência dos Majors como antecâmara do The International, o calendário do Dota 2 saltita de eventos milionários em eventos milionários até chegar a um evento multimilionário. Pelo caminho, trocos. Bons trocos, de várias centenas de milhar em discussão. Mas, entre esses torneios de 3 milhões e um gigante de mais de 20 milhões, estão outros de 500 mil, de 300 mil, de 200 mil que passam a secundários pese embora exijam um investimento significativo por parte das organizações. Esses torneios iam sendo vistos por equipas de topo como um treino. Algo onde pudessem testar novas abordagens ou picks. Afinal, o apuramento para o The International de 2016 trouxe mais de 100.000$ para o bolso das equipas. E há torneios que não dão isso nem para o primeiro classificado.
Se atentarmos no que os Virtus.pro fizeram no recente The Summit 5, conseguimos perceber o impacto disto. É até em tom elogioso para com os Virtus.pro que o fazemos, porque demonstraram não só capacidade e treino como providenciaram, de facto, jogos de Dota 2 emotivos e diversificados que atraem público. Mas escolher, ao longo das 18 séries, 104 heróis denota não só arrojo como também algum desinteresse pelo prémio monetário. 42 mil dólares para o primeiro classificado, para uma equipa que está no top 10 das mais ricas, com o Dota 2 a contribuir com uma generosa fatia de perto de 3 milhões… o que são 42 mil dólares?
Havia então alguma pressão para estabilizar as águas. Para tornar a scene mais uniforme. E também para permitir ou facilitar algum investimento externo. Afinal, torna-se difícil investir no Dota 2 quando a fasquia se encontra perto dos 3 milhões de dólares e quando, muito abaixo disso, se torna difícil convencer equipas de topo – as que atraem público e garantem retorno – a comparecer e a exibir-se ao seu melhor nível.
valve dota 2
O sistema que a Valve propõe pretende expandir o panorama competitivo, convidando novo investimento e premiando-o também, com um complemento financeiro por parte da Valve, que se compromete a colaborar com 150.000 dólares no caso de um Minor, e 500.000 dólares no caso de um Major. Esta divisão em dois tipos de eventos principais encontra também reflexo no impacto destes naquilo que interessa às equipas: a qualificação para o The International.
A cada evento, dependendo da altura do ano, da dimensão e da premiação, será atribuído um peso em pontos a contar para a classificação, pelo que as equipas convidadas por parte da Valve para figurar no mítico evento de Verão passarão a sê-lo através de um processo bem mais transparente e aberto a equipas de escalões tendencialmente mais baixos.
A notícia parece agradar a todos, de momento, e vai no seguimento de algo que havia sido identificado e pedido por um dos Casters mais proeminentes do Dota 2, Tobiwan. Aguarda-se a reacção de potenciais investidores, sendo que, à partida, a mudança agradará a organizadores como a ESL e ROG que vêm assim a hipótese de consolidar uma posição no mercado e ver os seus eventos ganhar um outro relevo no panorama dos esports.
 
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Crónica do Rubber Chicken pela mão do Ricardo Mota
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