A Free Fire World Series está prestes a começar e a RTP Arena aproveitou por falar com a vaiXourar, a equipa portuguesa em competição.

A equipa portuguesa VaiXourar vai estar na Free Fire World Series após se qualificar com a vitória do Europe Pro League Season 2. A maior competição de Free Fire internacional vai ter lugar em Singapura e os jogadores já estão nos hotéis à espera da sua estreia no dia 28 de maio.

Em off à RTP Arena revelaram que têm estado a treinar desde que chegaram já que estão impedidos de sair dos quartos de hotel devido à pandemia COVID-19. A organização forneceu-os com telemóveis especiais que irão ser utilizados por todos os jogadores em competição e tem sido a adaptação aos novos equipamentos o foco da equipa nacional.

Sem grandes apoios mas com resultados à vista, a RTP Arena foi tentar saber o que faz estes jogadores mexer e como estão as espectativas para a competição destes 5 jogadores tão jovens (todos com menos de 18 anos).


A opinião dos jogadores quanto ao estado do jogo em Portugal pareceu unânime, “não há apoio das equipas porque não há muitos fãs na Europa“. Contudo o jogo que muitas vezes sofre de alguma má conotação em solo nacional, parecendo quase um tabu assumir que se joga, continua a dominar a América Latina e Sudeste Asiático.

Saltando diretamente para as perguntas, como é que está a correr a vossa preparação em Singapura?

Crusher: “É meio complicado porque nós jogámos a EPL [Europe Pro League] com uma equipa, e alguns jogadores dessa formação, pela idade ou por problemas pessoais não puderam vir. Nós tivemos de adicionar um jogador de fora e outro que já fazia parte da equipa mas não jogava regularmente connosco (Janito e Meneses). Com isto, os treinos só começaram quando chegámos ao hotel. 

No início estávamos meio perdidos no mapa e eramos uns botzinhos que lá andavam. Agora já temos treinado um pouco mais 4 vs 4 com outras equipas, da Roménia, do Brasil, da Rússia e os resultados estão a começar a aparecer. Para já perder no formato 4 vs 4 só mesmo contra os maiores do mundo que são os brasileiros. De resto tem corrido bem e estamos a entrezar rápido.

E dado que vocês estão fechados nos quartos, vocês estão a utilizar os vossos próprios telemóveis para fazer as scrims e para treinar ou eles [organização] facilitaram-vos material para facilitar o processo?

Crusher: Todos os jogadores têm de usar o mesmo material. Eles forneceram-nos um ROG Phone 3 e desde que os recebemos que foi dia 15 ou 16 temos colocado 24h sobre 24h neles para nos habituarmos ao máximo ao telemóvel, que é muito diferente. Nós jogávamos todos em iPhone, passamos para Android, a sensibilidade muda, tudo muda.

Uma curiosidade, vocês neste momento com o ROG Phone que tem vários acessórios, é permitido no torneio utilizar comandos ou outros sistemas que se adaptam ao telemóvel?

Crusher: Não, e não podemos utilizar terceiros, nem o modo X do ROG Phone nem os Air Triggers.

Vocês vão começar pelo play-in e ainda têm de ultrapassar esta primeira fase antes de estar no Main Stage da Free Fire World Series, quais são as vossas espectativas para esta fase?

Crusher: Nós estivemos a analisar as equipas e pelo que vimos há pelo menos 3 equipas fortes, e só passam 3 à fase seguinte por isso teremos que disputar o acesso com elas. As outras não são grande problema, já estivemos a jogar contra eles e a ver a gameplay deles e são equipas fraquinhas. Agora as 3 melhores, essas vão disputar os lugares de qualificação e é com essas que estamos preocupados.

Se passarem ao Main Stage, quais são as vossas ambições, até onde pensam chegar?

Quase em uníssono: “Top 6 no mínimo!

Almas: Ser campeão é muito difícil pelo profissionalismo das outras equipas. Eles têm psicólogo, coach e uma equipa por trás deles e nós somos só os 6, os cinco jogadores e o nosso manager, o Tiago [Oliveira].

Free Fire

O que é que significa esta oportunidade de estar nesta fase, de viajarem pela primeira vez muitos de vocês, para disputar o campeonato do mundo?

Almas: Eu acho que vai servir como um momento de aprendizagem para todos porque não tínhamos uma visão assim do jogo, para nós era só um jogo em que fazíamos um dinheirinho enquanto jogávamos. Acho que falo por todos em que acho que ainda não nos caiu a ficha do que estamos a fazer. Na altura quando entrámos na arena a nossa cabeça estava a 50% e agora é que vai passar para 100% e o foco vai ser outro e o Crushr está aí e pode falar melhor do que eu

Crusher: Nós como crianças de 16 e 17 anos, há muita brincadeira envolvida nos treinos. Nós bagaçamos, quando vamos jogar bagaçamos mas se houvesse mais foco, menos brincadeira, conseguíamos em vez de dar 150, dar 200%.

Almas: Em termos de evolução, temos muita vantagem para as equipas que não se qualificaram. É uma experiência maior, uma experiência diferente e cria uma vantagem psicológica, e para mim 80% do jogo é psicológico.

Já falamos em off sobre o subdesenvolvimento do Free Fire em Portugal e comparado ao Brasil, o jogo é um “monstro”. Como é que acham que com o tamanho do jogo no Brasil isso possa ajudar o que é feito por cá?

Almas: Já nos está a ajudar eu acho, pelo menos em termos de torcida. Temos muito apoio brasileiro. Fizemos amizade com muita gente de lá, o pessoal gostaram de nós e agora estão connosco.

Crusher: Tenho falado com o coach brasileiro e trocámos algumas ideias e até confidenciou que somos uma equipa candidata ao título ou pelo menos passar os play-ins.”

Quando acabar a World Series, quais são os vossos objetivos? Vão continuar juntos, vão continuar como vaiXourar ou imaginemos que aparece uma organização e vos faz uma proposta, estariam abertos a isso?

Crusher: Se ficarmos no top 1 ficamos com o nosso nome. Agora imagina se ficarmos num top 4 e vier alguma organização grande que nos faça uma proposta boa, nós aceitamos.

Almas: Também vamos ver as propostas e se for alguma coisa que nos obrigue a largar o nosso nome, algo que já vimos a contruir há 1 ano e bem, a proposta terá de acrescentar algo de valor à equipa. Quanto a jogadores ficarem ou continuarem, vai depender da mentalidade de toda a gente e saberem o que querem fazer.

Vocês referiram que o jogo era uma espécie de brincadeira e que participavam nos torneios por diversão mas agora qualificaram-se para o campeonato do mundo. O que é que vêm daqui para a frente a mudar a longo prazo na vossa relação com o Free Fire?

Janito: Eu acho que cria espectativas para todos e que talvez já não seja só ‘ah e tal hoje vou jogar aí uns campeonatos e ganhar um dinheiro’. Agora vamos levar isto mais profissionalmente em vez de jogarmos só porque sim.

Almas: Creio que a nossa cabeça ainda está muito juvenil quanto a sermos profissionais neste jogo. Acho que quando jogarmos e de depois de terminar e virmos tudo o que se passou é que vamos ver como correu e se valerá mesmo a pena desperdiçar oportunidades.”

Quais acham que são as grandes candidatas ao título?

VaiXourar: Brasil, qualquer uma das duas equipas ou Tailândia.

Querem mandar alguma mensagem à comunidade de esports ou de Free Fire?

Crusher: Antes de jogarmos e conseguirmos resultados não faz sentido mandar nenhuma mensagem. Só o último lugar é que está garantido. Se conseguirmos alcançar algo mais logo falaremos mas não vale a pena falar agora. Imagina que ficamos em último, não vale a pena iniciarmos o discurso de que nunca foi só um jogo e que vale a pena e depois jogamos a World Series, último lugar e é uma vergonha.

Almas:Temos de falar depois de fazer as coisas.

Papa: Não podemos gritar vitória antes do fim da temporada.


A Free Fire World Series começa no dia 28 de maio com a fase de play-in onde se insere a equipa portuguesa. Toda a competição será presencial, na Singapura e conta com as 18 melhores equipas do mundo em competição. O prémio total é de 2 milhões de dólares e a Grande Final será no dia 30 de maio.

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