Em conjunto com a análise à equipa dos K1CK, a RTP Arena foi ao encontro de Daniel “psh” Alves para uma entrevista onde aprofundamos vários temas como o seu crescimento enquanto jogador e as expectativas para o futuro da equipa.

 

RTP Arena – Olá psh, antes de mais muito obrigado por nos concederes esta entrevista! Conta-nos, quem é o psh?

Daniel “psh” Alves – Olá a todos, o gosto é todo meu! Ora bem, o meu nome é Daniel Alves, mais conhecido por “psh” no mundo dos esports, sou natural de Braga, tenho 24 anos, sou estudante universitário de Engenharia Mecânica em Coimbra e o actual awper dos K1CK eSports Club.

RTP Arena – Vês-te a seguir uma carreira nos esports?

Daniel “psh” Alves – Tendo em conta os anos que já vivi junto dos esports não vejo porque não continuar o “streak” mas num ponto de vista realista não existe ainda sustentabilidade financeira nos esports em Portugal para que para mim seja viável abdicar da minha área académica em prol dos esports. É claro que a vida dá imensas voltas, mas se nada se alterar é assim que pretendo seguir.

RTP Arena – No Counter Strike 1.6 tiveste fizeste um longo caminho por equipas talvez um pouco menos conhecidas. Fala-nos um pouco desse percurso.

Daniel “psh” Alves – Tive o meu primeiro contacto com o jogo em Fevereiro de 2007, algures em 2011 depois de ter apurado em um ou outro qualificador da antiga EPT em 2009/10 juntei me aquele a que foi o core com quem mais anos joguei (psh, mest, dark, dsl jam/kredex), na altura dávamos-nos pelo nome de shArkz sendo mais tarde adquiridos pelos energiE5 que eram um dos nomes fortes na scene na altura. Por esta altura tínhamos a fama de equipa de upset, tínhamos por hábito rondar os quartos-de-finais dos torneios de relevo que na altura era o patamar mais elevado para todos nós. Mais tarde, depois de um breve período nos antigos GTZ (psh, AIm, spekz, n0rx e MORE) a minha incompatibilidade horária levou-me a abandonar a equipa, e curiosamente foi quando o AIm apostou no RIZZ e no Killdream na altura, e ainda bem, olhando ao que ambos viriam a ser mais tarde no jogo, eu por minha vez, juntei-me ao xAims, firefox, Lohan e japao nos PTO-Gaming, onde fechamos a nossa saga no 1.6 com um 3º lugar num dos últimos torneios antes de se completar a transição para o CS:GO.

Foto: Defs.pt

RTP Arena – Há alguma parte desse conhecimento adquirido que ainda apliques nos dias de hoje?

Daniel “psh” Alves – Claramente. Apesar de serem duas iterações diferentes do jogo, existem paralelismos, certos fundamentos, maneiras de abordar a ronda e até no psicológico que é algo cada vez mais importante no competitivo do jogo, essa experiência vem certamente agilizar o processo de adaptação no CS:GO.

RTP Arena – Estrategicamente, quão diferentes são as versões do jogo?

Daniel “psh” Alves – É aqui que reside a maior diferença, na profundidade táctica das equipas. É importante não esquecer que no CS 1.6 não existia molotovs e as flashbangs funcionavam de maneira totalmente diferente, dava para furar as paredes eficientemente na larga maioria do mapa. O Nuke por exemplo tinha outro encanto que neste versão não existe. E existia uma tendência muito maior dos jogadores prevalecerem em jogadas individuais baseadas na skill individual, isto porque as execuções não tinham a mesma eficácia das que vemos nos dias de hoje.

RTP Arena – Tu és o AWP da equipa dos K1CK, no entanto também há a opinião na comunidade que és um jogador que suporta muito as execuções da equipa e que isso pode prejudicar as tuas performances individuais. Como encaras esta afirmação ?

Daniel “psh” Alves – Acho que devemos primeiro olhar para o desempenho geral dos K1CK do que propriamente para as minhas prestações individuais, é certo que tenho passado mais afastado da acção mas também sei que o suporte potencia os meus colegas e afinal de contas isto é um jogo de equipa, e até aos percalços recentes tem vindo a funcionar, e é essa a versatilidade que sentimos que nos tem faltado que estamos a tentar trabalhar neste momento.

RTP Arena – Como é feito o estudo de adversário na tua equipa?

Daniel “psh” Alves – Varia um pouco de equipa para equipa, mas nada fora do comum, estudamos algumas demos das equipas adversárias em questão nos mapas que antecipamos jogar, observamos tendências e esse tipo de coisas, mas julgo que não perdemos a nossa identidade de jogo baseado no estudo da equipa adversária.

Foto: Defs.pt

RTP Arena – Depois da tua equipa ter falhado a qualificação para a ESL Espanha e face aos resultados que têm sofrido na ESEA Advanced, consideras que os K1CK estão a ultrapassar uma fase complicada?

Daniel “psh” Alves – Foi certamente um dissabor a não-qualificação para a ESL Espanha, sentimos que tínhamos a qualidade e o dever de atingir a qualificação, mas não nos podemos deixar remoer nisso, temos a final four da MLP à porta e queremos apresentar um bom nível.

RTP Arena – No início da fase regular da MLP a tua equipa integrou o Pedro “fakes2” Sousa, o que mudou na equipa, e na tua perspectiva o que achas que a sua chegada trouxe à equipa?

Daniel “psh” Alves – Numa primeira instância, firepower, vemos no fakes2 um dos riflers mais competentes em Portugal, e claro que sendo ele um jogador totalmente distinto do sh1zzlE tivemos que alterar algumas coisas no nosso jogo, julgo que a nossa oscilação no momento de forma se deve um pouco a ainda estarmos a testar a melhor combinação possível entre todos para todos os mapas. É um processo moroso mas caminha no sentido certo.

RTP Arena – Tu tens sido um dos grandes exemplos de que realmente é possível, da equipa dos Hexagone CUBO para os Panthers Stars, onde acabas por ser promovido para equipa principal e depois integraste a equipa dos K1CK. Como tem sido viver este crescimento?

Daniel “psh” Alves – Tenho certamente orgulho da evolução até aqui mas existe sempre um desejo de superação, de querer ir mais longe, e é com isso em vista que trabalho todos os dias. Gosto de acreditar que o trabalho dá frutos mais tarde ou mais cedo, e se o foco for sermos uma melhor versão de nós próprios, estamos certamente no rumo certo.

Foto: Defs.pt

RTP Arena – Agora, com a final four da MLP à porta, o que esperas que a tua equipa consiga atingir nesta competição?

Daniel “psh” Alves – Não queremos criar expectativas para o torneio, queremos apenas jogar focados, ronda a ronda, fazer aquilo que preparamos, jogar um bom CS portanto. Se o fizermos, estaremos mais perto de ir mais longe na competição.

RTP Arena – E a longo prazo? O que podemos esperar dos K1CK?

Daniel “psh” Alves – Depois da MLP temos um período um pouco mais calmo no que toca a torneios, iremos pausar um pouco para recarregar baterias. No meu caso para me agarrar aos livros! E regressarmos com energia de voltar ao trabalho e darmos step-up para o que se avizinha.

RTP Arena – Muito obrigado pela entrevista. Tens algumas palavras finais para deixar a quem te segue?

Daniel “psh” Alves – Primeiro que tudo, foi um prazer da minha parte, e por fim gostava de agradecer à Corsair, à Legion e à Eneba, pelo apoio aos K1CK Esports e a todas as pessoas que estiveram do nosso lado mesmo nos momentos menos bons, obrigado a todos!

Crédito das fotografias integradas no artigo: Defs.pt

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