Ora, onde íamos nós… na dita reunião interessante, isto no seguimento do assunto referente às Federações em Portugal. Mas antes de passar a esse tema, e espero que também os eSports deixem de ser tratados como um animal estranho ou raro, hoje é um dia feliz para os amantes dos animais, visto que deixam de ser “coisas” e passam a “seres vivos dotados de sensibilidade”. Isto parece que nada tem a ver com o assunto mas, de certa forma, a Federação aquando do reconhecimento dos desportos eletrónicos enquanto modalidade de desporto, tem o dever fundamental de assegurar diversos direitos, liberdades e garantias. Se vai assegurar ou não, isso já são outros pormenores, mas de certo todos ficaremos “agradados” nesse reconhecimento estatal de “coisa” a “modalidade desportiva”.
Mas indo ao ponto, fui então convidado por um ilustre colega (o qual por reserva não revelo o nome), especializado na área do desporto, com o qual tive a reunião mais interessante até aos dias de hoje sobre federações e o caminho que deve ou tem de ser percorrido. Ora, quer queiramos quer não, os eSports podem ser considerados uma modalidade desportiva mas que tem várias “sub-modalidades”, ou seja, cada jogo jogado – por exemplo CS:GO, LOL ou FIFA.
Este é um ponto que terá de ficar bem claro, de forma a que o escopo da dita Federação não se perca, nem que seja demasiado restrito ou demasiado vasto em que nos percamos por uma imensidão de artigos em estatutos, regulamentos internos, próprios ou afins.
Desde logo fica claro que para diversas empresas o investimento, ou aposta, neste segmento de mercado ou desporto, apenas vai existir quando houver algo mais “real”, algo mais “regulado”, e coloco em aspas porque tudo isto é muito subjetivo. A dita “federação”, quando existir, poderá ser um elemento essencial para o desenvolvimento dos “eSports” como pode vir a desvirtuar ou, até mesmo, destruir todo ele um ecossistema que se vai formando ao longo de mais de 20 anos em Portugal. Certo é, que para clubes como Sporting, Benfica, Porto e tantos outros (sem qualquer preferência mas para não alongar) a sua entrada nos eSports seria ou será mais efetiva, quando se sentirem mais “seguros” para tal. O Sporting lançou a sua secção, porém, como todos verificámos poucos desenvolvimentos teve.
Parece-me que, ao haver o dito “órgão unificador” e “estatalmente reconhecido” poderá ser uma alavancagem para que os clubes ingressem nesta área de uma forma mais assertiva. Mas será que é dos clubes que precisamos para os eSports se desenvolverem? Um dia respondo a isso…
Qualquer das formas dessa reunião surgiu então a razão e essência da dita Federação, o englobar de clubes – a maioria das falsas federações que aí andam só contatam os “amigos”, portanto perdem o mérito logo na sua formação – praticantes, a uniformização de um sistema de regras, ou várias regras dependendo do assunto em causa, a existência de atletas federados e todas as vantagens que estes têm em sede profissional ou em fase de formação universitária/escolar, acordos com seguradoras, o “selo” de qualidade da dita federação na aprovação de eventos, a regulação da entrada de clubes, a listagem de entidades de referência, a proteção dos direitos de clubes e atletas, defender os interesses da classe junto da administração pública… vantagens são muitas e a lista ainda poderá ser mais longa, mas fica aqui uma mera amostra.
Mas caro público, fãs seguidores e amados “haters”, não se deixem enganar que nem tudo é um mar de rosas. Não obstante a lei, os estatutos, e tantos outros mecanismos de defesa existentes (em regra morosos e ineficientes) então mas… e os fundos estatais a receber? E verbas para promoção da modalidade? E para onde vai o dinheiro? E quem o vai gerir? E quantos funcionários terá a federação? E em que moldes será feita a atribuição de verbas a clubes? E as “cunhas”? E as “amizades”? E caso entre num regime quase ditatorial em que não reconhece nem aprova certos clubes, atletas, provas ou competições apenas porque “…é concorrente do meu amigo” ou “não gosto desses gajos”? Quanto dinheiro já foi atribuído direta ou indiretamente até ao dia de hoje por parte do Estado ou autarquias para “eSports” e que quase ninguém o sabe? E onde está? E para onde foi? E o que foi feito? Pois… é que se muitos soubessem da missa a metade muita coisa não seria como é.
Em suma, a Federação é importante? Sim, mas tem de ser constituída de uma forma muito consciente, profissional e dirigida por pessoas sérias, que se colocam no mercado de uma forma séria, que levem os “esports” a sério e que respeitem, e muito, os que há anos os desenvolvem, pois que, se não fosse eu e muitos outros que há anos trabalhamos para isto, pouco ou nada haveria.
Os “eSports” não precisam de oportunistas, e aqui nesta crónica vinco que como advogado português e CEO da For The Win eSports Club, nunca irei cooperar com uma falsa Federação, nem numa Federação que não defenda os interesses daquela que é uma das nossas paixões, os “eSports”.
Até para a semana.
Ramiro Teodósio é o CEO e fundador da For The Win eSports Club
Segue o Ramiro Teodósio nas redes sociais:
Facebook
Twitter
Lê as últimas novidades dos esports aqui.