Fotografia via: Renato Gonçalves

Renato “stadodo” Gonçalves, jogador da Movistar KOI, abordou a preparação do RMR e regresso à Roménia numa entrevista especial!

Depois de ter falado em exclusivo à RTP Arena sobre o novo capítulo da sua carreira e o que mudou fora dos servidores, o AWPer de 27 anos olhou a vários aspetos da sua equipa e percurso na 2ª parte desta conversa focada no RMR.

Com pouco mais de um mês de trabalho, stadodo revelou qual foi a prioridade da Movistar KOI nestes últimos tempos: “ter 4 mapas fortes para podermos atacar os BO1s da melhor maneira possível, sabemos a importância destes”, tentando ter outros dois mapas preparados para as séries BO3 mas sem o mesmo foco.

“Sem dar um passo maior do que a perna ou ter alguém em burnout, estamos a fazer esse trabalho diário para ter toda a gente na mesma página e confortável nos seus papéis – acima de tudo, muita conversa sem jogar 6, 7 praccs por dia”, adiantou o jogador que também abordou a sua situação atual na equipa.

Previamente com funções acumuladas em projetos como o da FTW, Renato Gonçalves é agora um jogador mais livre na Movistar KOI com David “dav1g” Bermudo como IGL. Apesar de concordar com o sentimento de maior tranquilidade no seu jogo, o português nunca desligou o “chip” e tenta ter um papel ativo no tático da equipa.

Movistar KOI RMR

stadodo quer assumir um papel mais preponderante no jogo da Movistar KOI.

“Sendo IGL uma ou duas vezes, nunca perdes esse pensamento durante o jogo de “mid-game caller” ou algo do género”, afirmou stadodo que recordou a experiência que teve como capitão da FTW: “No final, já não me sentia tão desconfortável como senti durante algum tempo porque já tinha mais experiência como IGL e a equipa já resultava melhor, já sabia o que era preciso e estávamos mais na mesma página.

Sinto-me mais livre mas não deixo de tentar ajudar o dav1g, que acaba por ser novo nessas funções, contribuo-o muito mais agora. No início da equipa e nos últimos torneios, não o fiz porque ainda me estava a adaptar mas, na maioria dos mapas, já estou confortável para tal, puxando jogo para mim também para assumir, como sempre gostei e quero voltar a fazer.

Com vontade de disputar mais competições ibéricas como a MLP mas sem voto na matéria, o mais recente reforço da Movistar KOI esteve recentemente na RTP Arena Cup e abordou o seu primeiro “El Clásico” no lado de lá, acreditando que as individualidades fizeram toda a diferença no desfecho da partida com a SAW.

“Julgo que não estivemos no nosso melhor individualmente e foi nesse nível que tudo se decidiu – nos SAW, tiveste destaques individuais a aparecer e, do nosso lado, ninguém sobressaiu e foi isso que mais nos falhou. Claro que existiram falhas em outros detalhes mas, coletivamente, não estivemos mal de todo – o “pouco tempo” de equipa não pode ser desculpa para o resultado desse jogo, podíamos ter dado um 2-0 mas isto é Counter-Strike. Tentamos dar a reviravolta no Nuke e tínhamos tudo para fechar o mapa, o Vertigo foi tranquilo e, no Ancient, tivemos várias rondas de vantagem como 4vs2 que não conseguimos fechar, talvez estivéssemos ansiosos demais e acabamos por perder.

São jogos que acontecem e vão sempre acontecer, estaria a mentir se dissesse que não estava ansioso com este jogo – é diferente jogar um FTW vs SAW e um Movistar KOI vs SAW, não diria que estava nervoso mas sim ansioso, as coisas não correram da melhor forma. O jogo já foi revisto por nós e sinto que, se um ou outro jogador tivesse aparecido mais ou se tivéssemos arriscado mais, talvez o resultado fosse diferente”.

Ironia do destino ou não, o certo é que stadodo já se encontra na Roménia para, a partir desta 4ª feira, disputar um dos torneios mais importantes da sua carreira. Sem superstições, o veterano desvalorizou esse regresso a um país de má memória: “Não me aquece nem me arrefere voltar à Roménia, podia ser noutro lado qualquer”.

Ainda assim, a história desse RMR de 2022 e a fatídica 30ª ronda terão para sempre o AWPer português nesse clutch de 0.02 segundos, situação ingrata que, durante muito tempo, deixou uma marca no jogador, na equipa e na própria comunidade que ansiava pela qualificação inédita. Para stadodo, esse é um peso que acabou de lhe sair dos ombros, fazendo pazes consigo mesmo na Movistar KOI:

“Claro que o pessoal vai sempre olhar para o que aconteceu lá mas, depois de passarmos para o RMR, tudo isso ficou para trás. O que eu sentia mais não era a questão de “ok, perdemos a ida ao Major por 0,02 segundos”, isso pesou-me durante algum tempo e revi a ronda 100 vezes, 200 vezes, 300 vezes… tens gente que fala daquilo que não sabe ou tenta sempre dar a sua opinião. Claro que o que fica na retina é que me podia ter escondido, ou ter feito isto ou ter feito aquilo mas a ronda é muito maior do que isso. O pior mesmo foi ter pessoal a colocar as culpas em cima de mim quando, na realidade, nunca na vida aquela ronda é culpa minha, continuo a dizer que fiz o melhor possível.

Atualmente, não me pesa nada. O que pesava era esse RMR não ter resultado e ter acabado por sair dos SAW – quando sais de uma equipa destas em Portugal, e existindo apenas duas equipas ibéricas que chegam a esses patamares, pensas duas ou três vezes se voltas a estar lá. Ter conseguido passar para o RMR foi um peso que me saiu de cima, deixo de pensar no que aconteceu mas sim no que pode vir a acontecer, a qualificação para o Major.

Desafiado a indicar qual das três equipas com representação nacional (SAW, Movistar KOI, Into the Breach) está mais preparada para tentar uma qualificação para o PGL Major Copenhagen, o talento português não teve problemas em apontar o dedo à SAW, deixando o aviso de que, nestes palcos, a preparação não é tudo e as experiências passadas comprovam-no:

Algo que já aprendi é que, chegando lá, especialmente nestes torneios e LANs com BO1s à mistura, nunca sabemos realmente quem está preparado. Às vezes pensamos que uns estão preparados e não estão, outros não estão preparados e afinal estão e o mesmo se aplica a nós. Isto aconteceu conosco nos SAW – literalmente fomos com um mapa forte, outros mais ou menos e quase passamos ao Major, um quase bem quase.

Sem acompanhar tanto a equipa de Juve, stadodo preferiu deixar como exemplo o percurso da própria Movistar KOI até ao RMR e as vitórias sobre Heroic e Spirit, campeã do IEM Katowice que ainda só perdeu um oficial com o seu plantel principal – “Atualmente, o Counter-Strike está muito competitivo e não se nota tanto a diferença entre tier 1, tier 2 e mesmo 3, são equipas que podem ganhar umas às outras”.

No RMR Europeu A, não faltam caminhos a possibilitar a realização de novo “El Clásico” e, para stadodo, esse é um cenário que prefere evitar. Questionado sobre o potencial reencontro, o português mostrou-se preparado para enfrentar qualquer equipa, alertando para os riscos desse embate ibérico:

“Não gostava de jogar contra SAW na Roménia porque é sempre um jogo com um sabor diferente, já não se trata de jogar apenas o RMR, passas para outras questões e o teu corpo vai sentir outras coisas. Tenho antigos colegas do outro lado com os quais experienciei aquilo que estamos a jogar. Em termos de nível dentro das equipas que podes apanhar, secalhar gostava de ter esse confronto mas já se sabe que, chegando lá, é um jogo totalmente diferente.

Nunca vai ser um simples jogo de RMR, não… vai ser um SAW x Movistar KOI e aí muda de figura, provavelmente será muito mais difícil do que apanhar uma equipa, em teoria, superior aos SAW. Portanto, não gostava mas acho que vai acontecer, não sei porquê mas acho que todos sentimos isso, toda a gente sente isso. Uns querem, outros não querem mas vai acabar por acontecer, é o que é”.

SAW RMR

stadodo e o potencial reencontro:Tenho antigos colegas do outro lado com os quais experienciei aquilo que estamos a jogar”

Numa experiência bastante positiva até agora, stadodo vai disfrutando dos dias que se vivem na Movistar KOI mas não se conforma com os sucessos neste curto espaço de tempo: “Nos dias que correm com um CS ultra-competitivo, há muitas equipas boas e aquilo que atingimos não estava ao alcance de muita gente, mas não queremos parar por aqui.

Acabamos por ter um desaire na RTP Arena Cup mas perder também faz parte do processo e do caminho a percorrer, gostava de ganhar sempre mas isso não é possível”, concluiu o AWPer antes de apontar às estrelas e elevar a fasquia para o que se segue: “Agora cabe-nos dar a volta por cima, entrar bem neste RMR e espero que a gente consiga a passagem ao Major.

Não vou estar com rodeios – é um objetivo claro e sonho que todos temos, o adamS joga este RMR em casa, espero que ele esteja na máxima força e nos leve até ao Major, é esse o grande objetivo e não pensamos noutra coisa”.

Pelas 12:00 desta 4ª feira, Renato “stadodo” Gonçalves e a sua Movistar KOI dão início à sua participação no RMR Europeu num embate contra a Natus Vincere, jogo que poderás seguir na RTP Arena com cobertura total confirmada às equipas com representação nacional!

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