Sendo hoje o meu dia de aniversário, não me apetece muito comer gato por lebre, mas o que é certo é que mesmo eu evitando isso, muitos já conseguiram vender o seu gato pelo valor de uma lebre.
Como é certo e sabido, em regra pelo Natal ou aniversário é quando recebemos o carinho dos nossos amigos e familiares, ou, mais carinho. Sendo hoje o dia que é, recebi diversas mensagens como por exemplo: “Um grande Parabéns para a pessoa mais trabalhadora que já conheci”, não que necessite de fazer “sellout”, pois que mais de 70% do meu trabalho em esports não surge com créditos meus ou afins e que eu próprio não necessito desse “vangloriar”, mas leva-me a estudar o percurso que tenho feito, analisar e questionar, de forma mais cuidada, o de outros.
O que vos trago hoje, caros/as leitores/as é o simples facto de vivermos num mundo cada vez mais digital em que com a maior das facilidades se conseguem falsear números… ou não… Mas isso veremos mais à frente.
Certo é que, finalmente em Portugal, os desportos eletrónicos começam a ser vistos como uma indústria com potencial. Se formos a ter em conta com todos os utilizadores de app’s de jogos, além dos tradicionais, no seu todo representamos mais de 4 milhões, e isto apenas em Portugal. Ora por maioria de razão este é um mercado com valor, aliás, com muito valor! Mas, também ele, mal potenciado e mal explorado.
Se há coisa que me custa quando tenho reuniões de marketing com empresas, é ver o falseamento de terceiros referentes a dados, opiniões ou “maquinações”. Se no artigo anterior eu disse que os clubes de futebol devem entrar de uma forma séria, então os promotores de eventos e os clubes “tradicionais” de desportos eletrónicos também devem ter essa mesma postura.
Ao longo dos últimos anos deparei-me com diversas empresas que deixaram de apoiar o mercado e, passo a citar, com “foi-nos indicado que teríamos isto e aquilo e na realidade nem ¼ conseguimos apurar”. Ora, isto é mau! Por outro lado, felizmente, há empresas que dizem “tínhamos a ideia de alcançar X e conseguimos alcançar muito mais”.
O que há aqui a ter então em consciência é que o produto de cada um deve ser único. As comparações podem ou devem ser feitas, mas com base na realidade. Certo é que se olharmos para um Sudoeste (festival), tem uma especificidade diferente de um “Nos Alive”. O mesmo sucede se olharmos para um S. L. Benfica, tem uma especificidade diferente de um F.C. Porto, não obstante em ambos os exemplos o segmento ser o mesmo. Porém, o escopo deverá estar bem delineado de quem se encontra, com uns ou com outros.
No mercado dos desportos eletrónicos, o mesmo sucede ou deveria suceder. Porém, parece que a moda para se vender o seu produto é, além do forjar de números – que depois passam por vergonhas ao verem-nos contraditos e consequentemente debilitarem o mercado – chegam ao cúmulo de colocar “defeito” X e Y ou até mesmo tentativas de colocarem em causa a dignidade da pessoa humana de terceiros, demonstrando total falta de profissionalismo, seriedade, isenção e postura. Deixem o teatro ficar nas salas de teatro que bem precisam de ser cheias de público, e não o utilizem em PDF’s ou PPT’s mal “amanhados”, nem tão pouco, em regurgitar de meias verdades ou mesmo mentiras.
Ou seja, como eu disse acima, por mais que se tente falsear algo, mais tarde ou mais cedo a verdade vem sempre ao de cima e quem fica prejudicado é mesmo todo o segmento de mercado. Em suma, ninguém ganha com a “trafulhice”. A continuar nesta senda, de certo quem vai invadir o nosso mercado um dia serão os “nuestros hermanos”, ou será que isso está para breve?
Já vendemos inúmeras empresas ao estrangeiro, temos os bancos no poderio internacional, terão estes atos imaturos revestidos de ganância e soberba o mesmo efeito nos desportos eletrónicos portugueses? Veremos um dia, e que isso será de certo vendido como “isto será tão bom para nós” e mais areia continuarão a mandar aos olhos de todo o ignorante que não quer ver, talvez um dia, mais cedo do que o que se pensa.
Até para a semana!
Ramiro Teodósio é o CEO e fundador da For The Win eSports Club
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