Olá a todos,
Sejam bem-vindos à continuação da minha crónica “A essência”. Durante o mês de Agosto estive ausente mas estamos de volta para continuar a nossa história. Estas crónicas não terão uma periodicidade certa, uma vez que, não estou apenas a “pegar” num assunto específico e a escrever uma opinião mas sim a construir uma narrativa onde o meu objectivo é que seja completa, o mais factual possível e que consiga envolver o leitor. Para isso é necessário inspiração – que não surge todos os dias e tempo para alguma pesquisa e confirmação de factos. Vou por isso construindo-a e à medida que sinto que está pronta mais uma parte, publico.
Aproveito para deixar uma errata sobre a última crónica: onde se lê disquetes deveria estar a palavra cartuchos.
Para quem não leu “A essência – Parte 1” ou para quem já não se recorda, pode ser aqui!
“Em Novembro de 2000, depois de uma passagem de ano onde surgiria um suposto vírus a nível mundial que acabaria com os computadores, a VALVE após adquirir o CS MOD (que começou por ser um projeto sem fundos e apenas uma modificação comunitária mas amplamente jogado) lança a primeira versão oficial do Counter-Strike. E aqui começa a minha viagem por este título hoje conhecido por todos.”
Com a popularização deste e outros jogos de computador, começam a surgir lojas com dezenas de computadores para a malta jogar. Denominavam-se Cyber Cafés e possuíam computadores arrumados em prateleiras metálicas debaixo das mesas, com ranhura para moedas. Era o mais moderno da altura. A correr o WINDOWS 2000 e depois o XP – a versão de sistema operativo mais icónica da Microsoft – e com placas gráficas topo de gama que nos faziam derreter horas das nossas vidas, era impossível resistir ao ambiente daqueles espaços. Caracterizados por estarem sempre a abarrotar, ter pessoal a berrar quando morria e funcionários a servir cafés e outros snack’s, era todo um novo ambiente para explorar.
Ambientes escuros, fileiras cheias, tempos de espera. Este era o cenário que nos esperava nesta época. Jogar em casa não preenchia, a felicidade de se chegar a um Cyber nada superava. A STEAM verde e as contas, especificas para este tipo de espaços, eram completamente desbloqueadas. Equipadas com os jogos mais badalados, ninguém destronava o rei. O Counter-Strike vivia a sua primeira época de ouro e nós, PC gamers, também. Assim começam a surgir as primeiras “equipas” de CS, ou seja, grupos de amigos que se juntavam regularmente no mesmo local para competir com outros grupos. E assim o Dust, Inferno, Nuke, Aztec, Train e outros mapas foram sendo decorados pelos jogadores de forma a tirar o melhor proveito possível das suas posições. Começam a surgir as primeiras estratégias de competição alguma vez criadas. No meio de imensa malta que conheci nestes espaços, mais especificamente, no Magic Cyber Bar (que ainda existe mas agora se chama Magic Pool Bar), surgiu um dia a ideia de criar uma equipa. Para competir. Para socializar. Para servir como entidade. Para nos identificar. E assim surgem, pela primeira vez, os MagicShot. Uma equipa de Counter-Strike com um nome que nos ligava a todos. Era o nosso espaço, onde nos reuníamos, jogávamos, conversávamos e passávamos grande parte do nosso tempo. Era a magia que nos unia. 13 anos depois escrevo este artigo com a marca ainda no activo – embora actualmente não seja uma equipa de competição – o que me deixa bastante satisfeito. Sobrevivemos a todas as mudanças do mercado e continuamos cá com novos projectos a surgirem constantemente. O nosso espírito, no entanto, mantém-se o original. Somos uma equipa unida e coesa que luta diariamente em conjunto para concretizar aquilo a que nos propomos – a promoção dos videojogos em Portugal. Uma família que trabalha em conjunto de forma incansável com todos os seus parceiros.
Com o avançar dos anos, devido aos elevados custos de manutenção e actualização dos equipamentos informáticos, aliada à evolução dos componentes e à baixa de preço para consumo, estes espaços foram sendo substituídos pela possibilidade de jogar em casa com uma performance igual ou superior a um Cyber. A disponibilização da tecnologia ADSL em massa também veio dar uma grande ajuda, possibilitando ligações mais rápidas aos servidores e com latência jogável. Com várias vantagens – desde o conforto de estarmos em nossa casa, a não termos que pagar horas cada vez que queremos jogar, a não ter limitações de horários, etc. – a adesão a este tipo de espaços baixou consideravelmente até atingir um ponto onde os espaços dedicados a LAN’s e videojogos desapareceram… sobrando apenas as lojas de telemóveis com poucos computadores para navegar na web e nada mais. Curiosamente, o conceito de espaço / bar para videojogos volta a recuperar-se praticamente uma década depois com o aparecimento do 1UP Gaming Lounge em 2013, onde num espaço pequeno mas bastante bem decorado e focado mais nas consolas se volta a reunir a comunidade gamer nacional. Passado pouco tempo, surge também a LOG-ON Lounge (que agora reabriu como Gargula Gaming e parceira MagicShot) com um conceito mais semelhante aos antigos cyber-cafés. 15 computadores ligados entre si e mais de uma centena de portas de rede equipadas com uma ligação dedicada de Fibra 200/200Mb prontas para suportar qualquer LAN Party que se queira ali montar.
Se o conceito de LAN com os nossos amigos nas nossas casas era por si atraente, o conceito de uma LAN Party de grande dimensão ainda mais. E eis que em Coimbra, em 2007, surge a primeira XL Party do país. Ao fim de várias edições, a XL – organizada pela E2Tech – consagrou-se como o maior modelo de evento de LAN nacional registado até à data. Fileiras de mesas, pessoas às centenas, motherboards montadas em pneus, monitores CRT com autocolantes a cobrir toda a sua extensão, malta de pijama a passear pelo espaço e a usarem o conforto do chão para passar as noites – quando já não dava para continuar de olhos abertos – caracterizavam estes dias e noites onde o convívio, tecnologia, jogos e competição marcavam presença constante. Para tristeza de toda a comunidade, viu a sua última edição a acontecer em 2013. No entanto não era a única LAN que acontecia a nível nacional. Também no Barreiro, a Escola Secundária Augusto Cabrita dava cartas e criou em 2008 uma das poucas LAN’s que ainda se mantém no ativo. Desenhada pelos professores e alunos da escola, sem qualquer fim comercial, a LAN ESAC na sua primeira edição contou com cerca de 150 pessoas. Os números das mais recentes edições chegaram a atingir 400 participantes, mostrando que claramente ainda existe espaço para este tipo de eventos no nosso país.
E vocês? Participaram em Lan Partys? Estiveram na XL ou na ESAC? Gostavam que voltassem a existir deste tipo de iniciativas em Portugal? Deixem a vossa opinião nos comentários.
Obrigado por continuarem a embarcar nesta viagem connosco. Voltaremos em breve.
Jamil Heneni é CEO da MagicShot Gaming Network
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