IceFrog, o responsável máximo do Dota 2 nas mãos da Valve, já tinha avisado que as mudanças iam ser muitas e radicais. O patch, anunciado há meses e com data marcada, era aguardado com expectativa, mesmo tendo a versão actual do jogo sido considerada pela larga maioria como uma das mais equilibradas e versáteis de sempre, com o The International 6 a servir de suporte a essa teoria, dada a variabilidade de jogos no evento. O patch não trouxe a esperada 6.89. Não!
IceFrog virou a mesa e abandonou a versão 6 que trazia desde os tempos quase imemoriais do Dota 1, o predecessor deste Dota 2 e de League of Legends. O anúncio de uma versão 7.00 deixou muita gente ansiosa e o contador oficial para o lançamento desta marcou um período em que os sites da Valve e do Dota 2 acusaram o cansaço e a sobrecarga e ficaram offline por mais de uma hora.
Até que… http://www.dota2.com/700/
O gigantesco patch transforma o Dota 2 quase por completo, fazendo uma espécie de Dota 3 surgir das cinzas do anterior.
1 – Novo Herói ( http://www.dota2.com/700/monkeyking/ )
A primeira mudança anunciada – relevante, importante, da adição do primeiro Herói que não constava nas fileiras de Dota 1 ao jogo actual, inspirado na mitologia de Sun Wukong – e mais profundamente aguardada acaba quase por ser eclipsada… No mar de alterações e mudanças, Monkey King parece uma gota de água. Ainda assim, entra no jogo um herói muito particular, a tirar muito partido da dinâmica das árvores que povoam o mapa e a permitir ganks que têm tudo para ser devastadores.
2 – Novo HUD ( http://www.dota2.com/700/hud/ )
Em segundo lugar na apresentação, teve lugar o remodel a todo o interface de jogador. O HUD apresenta-se bem mais pequeno – que era uma das críticas de grande parte dos jogadores provenientes de outros jogos – e bastante mais acessível. O sistema de Level Up está mais intuitivo e rápido e é mais fácil navegar pela loja e ter informação acerca daquilo que podemos comprar.
3 – Novo início de jogo ( http://www.dota2.com/700/pregame/ )
Uma verdadeira revolução que tem em vista tornar o jogo mais acessível para iniciantes e preparar melhor as escolhas de Heróis e o início de jogo. Passa a estar disponível um barómetro de Team Composition, muito ao jeito do que existe para Overwatch, permitindo aos jogadores adequarem as suas escolhas em função daquilo que a equipa precisa. Não há carry? Não há disables? Não há iniciators? Vejam-se as sugestões dentro das categorias em falta e escolha-se daí.
Feita a escolha, é possível personalizar o herói através das inúmeras skins disponíveis e utilizar o mapa para se indicar para onde se pretende ir. Além disso, passa a ser possível “prever” para onde irão os heróis adversários (uma vez que as lanes no Dota 2 são bastante imprevisíveis e sempre sujeitas a mudanças) e pedir ou indicar desde logo a localização das duas Observer Wards iniciais.
Mais importante ainda é, nesta fase, permitir definir desde logo o que se vai comprar de items iniciais para que, quando o jogo começar, tenhamos logo tudo no inventário e possamos por em prática qualquer plano que possamos ter engendrado para conseguir o First Blood antes da sirene que marca o início da partida.
4 – Mudanças no Gameplay ( http://www.dota2.com/700/gameplay/ )
4.1 – Mudanças no levelling dos Heróis
É a mudança com maior impacto. Todos. TODOS os heróis foram reformulados. Deixando de ser possível atribuir pontos aos Stats, o Dota 2 resolveu adoptar uma Talent Tree, a exemplo do que sucede noutros jogos. Assim, aos níveis 10, 15, 20 e 25, os jogadores poderão escolher entre duas habilidades extra para orientarem o seu Herói para aquilo que pretendem ou para aquilo que o jogo em questão precisar. Isto vem adicionar uma nova vertente estratégica ao jogo, permitindo decisões extra para influir no decurso do jogo e ramificar ainda mais a extensa árvore de decisões que é o Dota. Em alguns casos, as Talent Trees permitem reforçar a ambiguidade inerente a certos heróis que é também versatilidade. Um herói pode ser um suporte ou pode ser um core. Pode ser carry ou pode ser mais Utility… Vocês escolhem. E o jogo evoluiu para dar mais poder de escolha aos jogadores. Oito novos talentos à escolha para cada herói, sendo que alguns mudam drasticamente algumas habilidades existentes.
4.2 – Backpack
Algo que já havia sido falado há muito também, mas que ia sendo posto de parte. 6 slots no inventário para todos. Geri-lo é também parte do jogo. Mas com Wards, Smokes, Dusts e Teleport Scroll, qualquer Suporte fica desde logo atravancado de espaço. O mesmo se pode dizer de Carries que, atingindo as suas seis slots, muitas vezes se vêm obrigados a controlar um novo Courier (vulgo Estafeta) só para si com os items que vai precisando quando fora de cooldown.
A backpack adiciona três novas slots não utilizáveis ao inventário. É possível guardar lá items mas não tiramos partido de os ter lá nem podem ser usados directamente a partir de lá. A mochila funciona como um espaço extra para guardarmos coisas enquanto aguardamos pelo seu cooldown, enquanto usamos outras.
4.3 – O mapa
Dizer que o mapa mudou é pouco. O mapa mudou muito! Desde logo pela mudança de posição da caverna do Roshan (a malta do League of Legends deverá reconhecer o conceito por outro nome, uma vez que, quando os criadores do LoL “adaptaram” aquilo que haviam implementado em Dota 1, mudaram a ordem das letras para um certo “Nashor”…). Roshan mudou-se de armas e bagagens para o lado Nordeste do rio, mesmo para o centro deste. [Quebra de Moldagem do Texto]
Além disso, há 4 novos rune spots nas jungles, e inúmeras alterações em termos de campos da Jungle… o melhor é mesmo espreitar
4.4 – Os items
Algumas dezenas de items foram alterados, sendo que alguns deles foram completamente reformulados, como o caso do Helm of the Dominator que parece assumir uma importância maior para Heróis a jogar como Suporte/Utility.
4.5 – Os heróis
Todos os heróis passam a ter uma Talent Tree específica, o que implica mudanças em absolutamente todos eles. Além disso, quatro heróis irão ser reformulados – Treant Protector, Techies, Lycan e Necrophos – pelo que serão temporariamente retirados do modo competitivo. Em sentido inverso temos as entradas de Arc Warden e Underlord, prontos a ser utilizados competitivamente.
Há também novos heróis com acesso a upgrades através do item Aghanim’s Scepter. O item tem um efeito específico para cada herói, alterando-lhe uma ou mais habilidades. Sendo que nem todos os heróis dispõem ainda de um Aghanim’s Upgrade, este é mais um passo em frente para que, mantendo o equilíbrio do jogo, mais heróis passem a poder contar com os benefícios do item.
Há muitas mudanças – demais para as enumerar todas por aqui – além do remodel de alguns heróis com design mais antiquado. Ontem, de fresco, tratei de, com a preciosa ajuda do Pedro Nunes, fazer uma análise àquilo que a versão 7.00 traz de novo ao Dota 2. Não é um vídeo pequeno. Mas fala um pouco das principais alterações e procuramos fazer também uma análise ao impacto que estas possam trazer ao jogo, além de irmos respondendo às questões que iam sendo colocadas no chat.
5 – Em suma…
É, portanto, uma nova fase de Dota 2 que arranca precisamente HOJE, dia 12 de dezembro. A aproximação a outros jogos, indo beber referências úteis a Overwatch, League of Legends e Heroes of the Storm não só é propositada como é algo que várias partes da comunidade vinham pedindo como forma de procurar diminuir as barreiras de entrada àquele que é visto como sendo o Moba mais complexo da actualidade. Certo é que as mudanças ontem anunciadas farão tremer muitos daqueles que, de uma maneira ou de outra, já dominam o jogo, pelo que está aberta a porta para que novos jogadores entrem, estando mais em pé de igualdade agora que todos terão que redescobrir o jogo.