Fotografia por: RTP Arena/ Gonçalo Louro

Vencedor da ESC Online Master League Portugal by ROG IX, Cristiano “D10S” Carvalho falou à RTP Arena sobre a vitória, trabalho e futuro da FTW.

No dia 29 de maio, a fénix fez história com a conquista da prova e levantou pela primeira vez o troféu de campeã nacional, sensação que o técnico de 20 anos classificou como “inexplicável” antes de referir vencer o troféu é o culminar de vários altos e baixos, conseguindo apresentar um nível superior na final ao que demonstraram durante o torneio:

“Foi super bom estarmos todos em LAN a levantar um troféu que tanto queríamos e que a nossa organização tanto almejava também. A 1º vez é sempre especial e vamos ficar certamente na história da organização; isso é muito importante para nós os 7, o nosso manager também nos ajuda muito na planificação e em tudo o que necessitamos”.

Sobre o desafio, D10S tinha noção que superar a SAW duas vezes consecutivas seria muito difícil, atribuíndo também favoritismo à OFFSET para levar o troféu. Derrotada pela equipa de rmn no jogo inaugural, a FTW acabou por alcançar a final e teve no Vertigo a sua principal preocupação antes de enfrentar o campeão da 7ª temporada.

“Percebemos que fizemos bastantes erros, principalmente no lado CT… Isso foi logo falado por todos, vinquei alguns pontos e a equipa, em conjunto, falou sobre aquilo que podíamos ter feito melhor”. Para Cristiano, a equipa sabia que o mapa ia estar sempre presente no BO5 e que era necessário fazer melhor se quisessem levar a final.

Nessa série, a FTW entrou com tudo ao levar o Dust2 por 16:06, escolha que já estava planeada: “penso ter sido surpreendente para a SAW, acredito que não estivessem à espera dessa pick mas foi algo que trabalhamos para o poder fazer e o resultado ficou à vista de todos, o mapa foi extremamente bem preparado por nós e conseguimos vencer por um marcador largo”.

Apesar desse triunfo, a equipa jovem voltou a ficar 1-2 num Overpass que não esperava ver no veto – “pensávamos que fosse até o mapa que não se joga no BO5”. Ainda assim, D10S referiu que a equipa estava confiante naquilo que era necessário para dar a volta à desvantagem que tinha, vencer 3 dos 4 mapas, acabando por ser no Nuke que o título da MLP se decidiu.

“Tínhamos muito estudo feito sobre eles – jogam muito nele (Nuke) e leva a que algumas tendências sejam criadas naturalmente”, referia D10S na entrevista antes de olhar a outros dos pontos que chamou a atenção do público, a calma demonstrada pela equipa em todas as situações de jogo, mesmo na hora de celebrar o título inédito que conquistaram:

“Sinceramente, tem muito a haver com a personalidade de cada um porque os nossos jogadores, a nossa equipa é extremamente calma. Quase todos os elementos mostram pouco as suas emoções, mesmo em momentos de felicidade e isso deu para perceber no momento da conquista do título, não somos super-efusivos, nem para o bem para o mal.

Em algumas situações, isso acaba por nos deixar um pouco mais confortáveis, por exemplo, aquela reviravolta para 16-14 acaba por acontecer com naturalidade porque sabíamos aquilo que tínhamos de fazer para conseguir defender o Vertigo contra a SAW, não o estávamos a conseguir fazer mas sabíamos que passava pela aquela ideia de jogo.

A equipa mantém-se quase sempre calma, a não ser que aconteça alguma situação muito específica, tal como algumas que aconteceram na final e que são ingratas, como ninjas defuses… houve uma ronda em que o story para de defusar no último mapa, parecia que a vitória de SAW estava destinada mas a equipa manteve-se calma e isso é muito mérito dos jogadores. Claro que a equipa técnica também trabalha para tal (ter esse tipo de ambiente) mas é muito derivado da personalidade dos jogadores”.

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“Sinceramente, tem muito a haver com a personalidade de cada um porque a nossa equipa é extremamente calma.” Fotografia por: RTP Arena/ Gonçalo Louro

Inevitáveis, as comparações com a SAW e o título de “melhor equipa nacional” começam a surgir na comunidade mas D10S foi rápido a rejeitar as mesmas: “não é uma guerra na qual queira entrar”, julgando que essas comparações só irão atrasar o processo evolutivo da FTW, equipa que “trabalha por conta própria para ter uma evolução constante e ser a melhor equipa possível”.

Ainda neste tema, o técnico sublinhou que a SAW possui uma consistência internacional muito superior e que as suas vitórias nacionais acabam por equilibrar as contas, frisando também que a fénix não possui o objetivo a 100% de ser a melhor equipa portuguesa mas sim o de ser melhor que a FTW de há três meses atrás.

Na entrevista de MVP, João “story” Vieira assumiu que D10S teve um papel decisivo na conquista da equipa e o treinador não ficou indiferente: “Fico extremamente feliz, até por ser quem é. O story é um jogador frio, tem aquilo que tem a dizer em muitos momentos, e isso até é bom para a equipa em certas situações porque acaba por ser bastante crítico e, quando as coisas estão bem, também sabe reconhecer e dar o mérito quando é preciso.

Ouvir essas palavras do story é extremamente gratificante por isso, acaba por ser sempre verdadeiro naquilo que diz e não é só o dizer por dizer que acontece em algumas equipas. Em relação à preparação, esforço-me sempre nela porque sei que é importante. Estando na faculdade, sente-se que a equipa desce um pouquinho o seu nível no que diz respeito à preparação do jogo quando não estou presente.

É sempre importante a forma como se começa e essa é uma função que eu gosto de desempenhar, as primeiras buy rounds, como a equipa aborda o início do jogo e isso, normalmente, é da minha responsabilidade. Quando esta equipa começa bem, é muito difícil de ser parada e, quando encontramos um plano inicial de jogo forte, acaba por ser complicado vencer-nos. Acima de tudo, o foco é na forma como começamos cada mapa”.

Com pouco mais de 1 ano como treinador, nem tudo foi fácil no percurso de Cristiano Carvalho, chegando mesmo a ser colocado em causa o seu verdadeiro papel quando deixou a N2E. Mais orientado para análise na altura, o português abordou a sua evolução desde então, mostrando-se extremamente grato a João “watson” Freitas pela oportunidade concedida.

“No início, não conseguia ter impacto no que diz respeito ao jogo enquanto o mesmo está a decorrer, não tinha no sentido de alterar o rumo de uma partida. No entanto, fazia este trabalho de análise (…) foi algo em que consegui melhorar ao longo do tempo – essa passagem pela N2E deu-me muita bagagem para ser aquilo que sou hoje. Depois, quando entro para assistente do Juve, aprendi muito com ele e quem representava a FTW”.

Ter esse impacto deixa-me extremamente feliz porque é muito gratificante estar num jogo que secalhar até está a correr menos bem e, com base numa ideia ou sugestão, a equipa conseguir virar esse mesmo jogo. No entanto, queria também reforçar um aspecto que, aqui na FTW, tudo aquilo que eu digo é muito bem aceite pelos jogadores e isso é algo que lhes digo muitas vezes, que fico contente com a confiança que eles depositam em mim”.

A preparar aquele que será o seu maior desafio até hoje, D10S sonha com o acesso à fase de grupos da ESL Pro League: “não é todos os dias que se consegue estar tão longe do nosso país a disputar um torneio contra as melhores equipas do mundo. Claro que não são todas Tier 1 as que lá estão presentes mas ainda são algumas e extremamente competentes. Sabemos que podemos, eventualmente, ser uma dessas seis equipas apuradas”.

Sobre aquilo que se pode esperar da equipa na Suécia, Cristiano afirma que vão disputar cada jogo para vencer e preparar cada um, individualmente, da melhor forma. Nos dias que faltam para o evento, o objetivo passa por tentar subir o nível e que esta é a oportunidade de uma vida, não faltando dedicação e motivação para “dar tudo e aceder à ESL Pro League”.

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story não poupou elogios a D10S na hora de reconhecer o seu papel nesta conquista. Fotografia por: RTP Arena/ Gonçalo Louro

No que diz respeito ao futuro, a FTW quer dar continuidade ao bom nível demonstrado nas competições nacionais e ibéricas porque o cenário tem equipas muito boas, acreditando que estão reunidas todas as condições para a equipa ser o próximo porta-estandarte do Counter-Strike português no estrangeiro mas que ainda falta aquele bocadinho difícil de alcançar.

“A verdade é que temos conseguido excelentes partidas contra a SAW mas também são matchups específicas, contra Wisla Krakow ou Falcons que são mais ou menos do mesmo nível mas com abordagens de jogo distintas, nós já temos mais dificuldades. Esse passo depende de muita coisa e também da qualidade dos treinos, vamos começar a trabalhar um pouco nisso para a melhorar – nem sempre temos acesso ao jogar contra equipas de tier 1 e isso faz diferença.

Os SAW têm essa oportunidade diariamente e nós, não tendo, acaba por ser um pouco mais complicado mas, olhando aos resultados recentes, acredito que o nível dos treinos vai começar a subir e vamos conseguir adaptar o nosso jogo a mais estilos diferentes e dar esse passo internacional que, ao contrário do que a comunidade possa pensar, ainda não está dado. Temos de continuar a apostar nessa evolução para singrar no Top 50 mundial”.

O próximo desafio do conjunto orientado por Cristiano “D10S” Carvalho passa pela ESL Pro League XVI Conference nos dias 16 a 20 de junho em Jönköping, esperando que, até ao final do ano, se “dê cartas como fizeram nacionalmente no primeiro semestre de 2022 e, internacionalmente, superem equipas com um Counter-Strike mais rápido e imprevisível”.

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