Em conjunto com a análise à equipa dos GTZ Bulls, a RTP Arena foi ao encontro de Francisco “emp” Vaz para uma entrevista onde aprofundamos vários temas como o seu crescimento enquanto jogador e as expectativas para o futuro da equipa.

 

RTP Arena – Olá emp, antes de mais muito obrigado por nos concederes esta entrevista! Conta-nos, quem é o emp?

Francisco “emp” Vaz –  O emp é um estudante de 24 anos que neste momento está a terminar o mestrado. Desde muito cedo comecei a jogar todo o tipo de jogos em várias plataformas. Mais ou menos aos 15 anos encontrei o CS, gostei do jogo, cada vez mais fui jogando de forma mais consistente e conhecendo pessoas. Isto no Counter Strike: Source ainda. Desde aí continuei a estudar, mas sempre que podia passava mais tempo a jogar do que a estudar. Neste momento, já acabei a licenciatura em Gestão e estou a acabar o mestrado na área de finanças.

 

RTP Arena – Vês-te a seguir uma carreira nos esports?

Francisco “emp” Vaz –  Eu acho que é demasiado optimista achar que é possível fazer uma carreira como jogador de esports, no entanto, não vejo porque não possa relacionar os desportos electrónicos até com finanças, que é a minha área académica. Quem sabe trabalhar numa empresa relacionada com esports. Isso está tudo em aberto e só o futuro o dirá.

RTP Arena – Em Counter Strike: Source tiveste fizeste um longo caminho por equipas talvez um pouco menos conhecidas. Fala-nos um pouco desse percurso.

Francisco “emp” Vaz –  No CS:Source, a minha experiência não seria bem experiência, uma vez que não jogava com a vontade de ser o melhor. Como jogo CS:GO, era um ambiente muito mais informal, era mais aquele ambiente de estar com os meus amigos. Claro que queria ganhar, mas joguei dois ou três anos em que fui de forma consistente às XL Partys sempre com o mesmo grupo. Não era tão profissional como agora no CS:GO. Agora para mim seria impensável ir a uma LAN e dormir debaixo do computador e fazer diretas a jogar. São coisas diferentes, no CS:S era mais pelo convívio.

 

RTP Arena – Há alguma parte desse conhecimento adquirido que ainda apliques nos dias de hoje?

Francisco “emp” Vaz –  Eu acho que, a nível de conhecimento de jogo, muito pouco. Claro que como é óbvio a parte de disparar é importante, claro que é muito mais fácil ter destreza nesse ponto se já joguei outro semelhante durante muito tempo. Mas a nível de conhecimento do jogo penso que o CS:S era muito pouco evoluído; só o conceito de trade que é algo do mais básico no CS:GO era algo que nem me passava pela cabeça.

RTP Arena – Estrategicamente, quão diferentes são as versões do jogo?

Francisco “emp” Vaz –  Eu acho que há muitas diferenças. Primeiro, o nível de toda a gente. Hoje em dia facilmente se vai ao youtube aprender granadas, há constantemente torneios a serem transmitidos em stream, até por exemplo o Zorlak tem conteúdos com o objectivo de educar novos jogadores. Só isso faz uma grande diferença. Depois, pegando no exemplo das trades, hoje em dia vais a um torneio de escolas e ouves os jogadores a pedirem para dar trades. E por fim, a nível tático, como é óbvio, se o jogo é mais evoluído, os próprios jogadores vão tentar ser melhores. Em CS:S, a minha equipa jogava em defaults fixos a defender. Hoje em dia existem planos de jogo completamente diferentes no ponto de vista defensivo. Era algo que, pelo menos a nível nacional no Counter Strike: Source, a maioria das equipas não fazia.

 

RTP Arena – Tu és in-game leader da tua equipa. Fala-nos um pouco do teu dia a dia no que toca à preparação da equipa para os jogos.

Francisco “emp” Vaz –  Sendo o líder da equipa, a última palavra é minha, mas tentamos sempre decidir as coisas em conjunto. É mais fácil falar num cenário em que, imaginemos que queremos adicionar mais um mapa à nossa pool, decidimos em conjunto e depois temos uma conversa em equipa para perceber quais são as ideias para a melhor abordagem ao mapa. Depois, a partir daí, há um levantamento de ideias. O meu dia a dia acaba por ser mais decidir o que é que vamos aproveitar; também passa por procurar falhas no nosso jogo. Acabamos sempre por tomar as decisões em conjunto. Eu costumo ter essa iniciativa mas o resto da equipa também o faz. À noite eu decido o que vai ser aplicado nesse dia, mas por norma apresento sempre as ideias ao resto da equipa de forma a obter também feedback sobre a melhor forma de aplicar as coisas dentro do servidor. A maioria das vezes estamos em concordância por isso funciona bem assim.

Foto: Defs.pt

RTP Arena – Como é feito o estudo de adversário na tua equipa?

Francisco “emp” Vaz –  Normalmente no estudo dos adversários tenho sempre alguém que o faz por mim, normalmente é o coach, apesar de o dOm agora não estar tão ativo. Porém, esse é um tema que para mim é muito subjetivo. O estudo dos adversários é um assunto que é um oito ou oitenta, tem de haver um equilíbrio porque se exageras e moldas muito o teu jogo à volta do teu adversário podes perder a tua identidade de jogo e pode correr mal.

 

RTP Arena – A equipa dos GTZ Bulls tem vindo a atravessar um período de bons resultados, qualificação para a final four da Enhance Masters Championship, onde conseguiram chegar à final e foram vencidos pelos Baecon Gaming Group; a qualificação para a final do Worten Game Ring Invitational, onde caíram frente aos OFFSET; uma saída nas meias finais da XF Braga Cup, a qualificação para a fase regular da ESL Masters España Season 5 e, por fim, a qualificação garantida na última jornada para a final four da MLP que se vai disputar na MOCHE XL Esports. Como tem sido viver este período com a equipa?

Francisco “emp” Vaz –  O ambiente melhorou muito. Tivemos um período mau que, apesar de tudo, foi um torneio em que ficámos em quinto lugar, a LPCS, ou seja, não foi de todo catastrófico. Como foi uma liga longa e não havia mais nenhum torneio a decorrer em paralelo, há muito a tendência de a comunidade dizer que foi uma má fase. Mas acabou por ser só um torneio. No início da MLP também não estivemos da melhor maneira, mas a verdade é que o nosso calendário não foi o mais simpático e acaba por ser um pouco ingrato dizer que tivemos uma má fase até porque arrancámos a liga com jogos mais difíceis. Mas também não posso dizer que não. Estivemos numa fase pior e levantámo-nos. Nas duas últimas semanas treinámos mais que o normal; não foi, ainda assim, um horário completo de treinar à tarde como as restantes equipas; chegámos a fazer um bootcamp antes da XF Braga Cup, algo que a nossa equipa nunca tinha feito tendo em conta os compromissos profissionais e os resultados estão à vista. Nos últimos vinte jogos perdemos dois ou três e houve jogos complicados.

 

RTP Arena – Muitas vezes, em entrevistas, fica a ideia de que a equipa tem os índices de confiança demasiado altos. Como encaras esta afirmação?

Francisco “emp” Vaz –  Eu, por um lado, compreendo o ponto de vista de quem está de fora; por outro lado, o Counter Strike é um jogo de confiança, por isso não me chateia de todo que a minha equipa tenha esse tipo de intervenções, porque, para mim, apesar de não ser propriamente positivo para a nossa imagem, acabo por achar que estar no servidor com confiança é muito importante.

Foto: Defs.pt

RTP Arena – É dito que a equipa dos GTZ Bulls é das que treina menos horas. Até que ponto é que isto é verdade?

Francisco “emp” Vaz  É verdade. Tenho dois jogadores que trabalham, um deles até às dez da noite todos os dias da semana. Acho que não vale a pena dizer muito mais. Ao dia de semana, às dez da noite encontrar praccs de qualidade simplesmente não é viável, por isso à semana acabamos por falar mais, ver demos em conjunto, etc. Aos fins de semana é que fazemos os treinos mais normais, e mesmo assim não é assim tão bom porque se as restantes equipas treinam ao longo de toda a semana, aos fins de semana vão folgar.

 

RTP Arena – Como compensam este desnível em relação às outras equipas?

Francisco “emp” Vaz – Primeiro eu acho que estou rodeado de jogadores muito bons. Se calhar a maioria dos jogadores da minha equipa são capazes de ir para qualquer equipa portuguesa. Depois tentamos sempre primar pela qualidade, tentamos sempre tirar o melhor proveito das horas que temos. Às vezes é difícil, mas para já estamos conseguir a voltar a fazer isso, como já fizemos no passado.

 

RTP Arena – Ao longo dos últimos meses temos assistido à evolução do jogo dos GTZ Bulls. Integraram a vossa atual organização em setembro de 2018 e, desde então, foram crescendo em termos táticos, passando por várias fases como o vosso domínio no Train e Dust2 durante a segunda temporada da MLP, onde conseguiram por exemplo roubar um mapa à equipa dos Giants. E agora são uma das equipas mais temidas da scene portuguesa. Qual é o vosso método de trabalho neste sentido, tendo em conta que são uma das equipas que treina menos?

Francisco “emp” Vaz – Primeiro, tenho de dizer que continuo a achar que o nosso Train é muito bom. Agora a razão disto acontecer é que à medida que a nossa map pool cresce, vai surgindo também a hipótese de podermos ter mais liberdade na fase de vetos podendo tirar mapas onde eu considero que o adversário também poderá ser forte, maximizando as minhas hipóteses de sucesso.

 

RTP Arena – Agora, com a final four da MLP e a fase regular da ESL Masters España à porta, o que esperas que a tua equipa consiga atingir nestas competições?

Francisco “emp” Vaz – Temos noção de que as finais vão ser muito difíceis. O nosso primeiro adversário são os Giants que, apesar de tudo, são a melhor equipa portuguesa. O nosso objectivo começou por ser chegar à final four e já conseguimos. Agora é ganhar aos Giants e pensar jogo a jogo. Quanto à ESL Master é chegar à final four.

Foto: Defs.pt

RTP Arena – Há alguma equipa na ESL Masters que te salte à vista como um adversário mais complicado?

Francisco “emp” Vaz – Para mim os OFFSET são o adversário mais difícil, mas estou a contar que a ESL Masters seja uma competição onde as equipas portuguesas vão dominar. Não me admiraria ver três ou quatro equipas portuguesas na fase final.

 

RTP Arena – E a longo prazo? O que podemos esperar dos GTZ Bulls?

Francisco “emp” Vaz – O plano é continuar, mantermos-nos juntos como sempre fizemos. Somos das poucas equipas da scene que tem quase 9 meses de continuidade, só fizemos uma alteração e não foi por nossa decisão, foi mesmo por necessidade de o jogador sair por motivos pessoais, o wrecky em dezembro. Já estamos juntos há seis meses e o objetivo é continuar. Estamos cada vez melhores.

 

RTP Arena – Muito obrigado pela entrevista. Tens algumas palavras finais para deixar a quem te segue?

Francisco “emp” Vaz – Quero agradecer a toda a gente que me apoia, aos GTZ por serem sempre impecáveis connosco e tentarem fazer o máximo para sermos bem sucedidos e à RTP Arena por esta entrevista.

Crédito das fotografias integradas no artigo: Defs.pt

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