Ora boas pessoal! Cá voltamos para maisssssssssssssssssss uma semana de RTP Magazine… desculpem, programa errado! É mesmo “O Artigo do Teodosius”. De semana para semana cada vez se torna mais difícil escolher o que abordar, não por falta de assunto, é mesmo pela existência de inúmeras temáticas de importância e não existir tempo nem espaço para tudo… Mas, vamos lá.
Esta semana trago-vos o sermão aos peixes. Desculpem, aos clubes. A semana passada abordei a temática dos jogadores, profissionalização, custos, atitude, mentalidade e postura, esta semana abordo a temática dos clubes, e dos “clubes” e … sabe-se lá o que são.
Apesar da imagem ser meramente ilustrativa, o que é certo, é que nós clubes temos uma obrigação social que não pode ser descurada. Ela parte quer das linhas de orientação e princípios internos (respeito ao clube, identidade, normas de condutas, etc.) até à forma como os nossos atletas e staff se devem ou não dirigir publicamente, ou a forma apropriada de relação.
Certo é que ao longo de todos estes anos em que me encontro à frente da FTW já passei por todas as situações surreais, desde a:
Exemplo 1:
“Organização” mais pequena: “pois, porque a FTW tem de respeitar os mais pequenos”;
Eu: “mas em que faltámos ao respeito?”
“Organização” mais pequena: “ah… nada, mas estava só a dizer”;
Eu: “pois mas que eu tenha conhecimento foram vocês é que nos faltaram ao respeito”.
Síndrome: somos uns coitadinhos, os grandes são maus.
É só… ridículo. A postura de vitimização de alguns “clubes” é no mínimo imatura, infantil e longe de qualquer crivo de profissionalismo. A FTW em 2012 era um grupo de 12 pessoas, e hoje é o que é. Portanto, algum “pequeno” vir com “cenas” destas para cima de mim, de pouco ou nada vale, e que esta postura demonstra desde logo que a postura do seu dirigente não é a correta nem adequada, nem sequer, tem o perfil para o cargo que ocupa. Quando razões de queixa há, nada como a abertura para o diálogo para tentar perceber as partes, agora, quando nada acontece, ou como no caso acima exposto sucede o inverso, demonstra uma falta de respeito e desde logo uma vitimização sem sentido.
Exemplo 2:
A FTW recebe uma candidatura qualquer e vamos dizer aos nossos concorrentes o sucedido, vindo de lá essa candidatura:
Eu: “olha recebemos a candidatura de X, passa-se alguma coisa? Queres? Aceitamos? O que fazer?”
Resposta: “Ah, não me interessa para nada, podes ficar fazer e acontecer”.
Passado umas horas, vamos falar com a “candidatura” e a candidatura responde “ah desculpem, eles entretanto vieram falar connosco e prometeram X e Y e agora é que vão fazer por nós e afins.”
Síndrome: só liga ao que se tem, quando em risco de perda, até as calças se baixa.
Isto é algo recorrente em Portugal. Por vezes surge por mal entendidos, falta de comunicação ou dimensão de clubes, o que é normal e deve-se sim é promover a comunicação aberta entre atletas e clube. Porém, no exemplo acima é mais… “epaaa nem me lembrava que essa pessoa existia e não não quero para nada”. Mas na realidade e “nas costas” vai demonstrar o contrário e depois já apresenta um sem número de… sabe-se lá o quê. O problema nesta segunda situação é que: e se não cumprir desta vez? E se nada mudar? Serão aquilo que estamos habituados em Portugal, recorrentes promessas e… nada se vê.
Exemplo 3:
“Olha vês o que Teodosius escreveu? Pois vocês só pedem e pedem e é como ele ali diz que não dão valor ao que damos nem se esforçam” ou “Olha vês o que o Teodosius escreveu? Vês aqui é que estão bem porque “os” FTW são assim ou assado e como vês não querem investir.”
Bom, a última é desde logo mentira, quem dera a 70% dos clubes em Portugal apostarem e investirem A FTW investe e promove e garantidamente teríamos um universo de esports muito melhor em Portugal.
Mas, utilizam-se conforme lhes “interessa” a conversa…hum!
Estes três foram exemplos pelos quais passei pelos últimos meses em que naturalmente e quanto a esses dois CEO’s em particular perderam naturalmente um pouco do meu respeito. Talvez noutro artigo explore ainda mais exemplos pois são mesmo muitos, mas trabalhemos estes três.
Ora bem, qual o erro aqui? É muito claro. No exemplo 1 se um CEO demonstra aos seus jogadores/equipas que é um “coitadinho”, um “mártir” quando na realidade tem 0 razão de queixa, esse CEO é na realidade fraco, cobarde e incompetente. Pois que, se tenta utilizar de razões fictícias para o seu insucesso. Esta transmissão a uma equipa/atletas cria clubismos, fações e um total desfasamento da realidade. Ninguém ganha com isto, pois que, mais tarde ou mais cedo tudo se fica a saber, ou que, os factos falarão simplesmente por si. A postura deve ser, na minha opinião, de que, se não está bem? Fala-se. Passou-se algo de errado? Fala-se. Dramatizar e mentir sem algo ter acontecido? Não faz sentido.
Quanto ao exemplo 2. Este é duplamente mau, pois conforme se verifica a postura do CEO 1 é de transparência, ao passo que o CEO 2 é dissimulado, há desde logo aqui uma quebra de confiança clara, quando o CEO 1 se preocupa e o CEO 2 mente. E depois acresce a gravidade seguinte que é “ah… vou dizer que não interessa para ver se o CEO 1 não pega, e deixa cá mandar mais meia dúzia de areia para o olhos do jogador/equipa/wtv”. Quando a areia se converte em factos? Boa… há melhorias. Mas… e quando não se converte? Ok… Temos então um CEO 2 mentiroso, dissimulado e um atleta/jogador/wtv enganado, que fez figura de parvo duas vezes, em pedir desculpa ao CEO 1 por remover a candidatura, e parvo por ter acreditado novamente no CEO 2. Ninguém beneficia com este tipo de postura. Podem, podem. Não podem, não podem. Já a minha mãe dizia “não há dinheiro não há vícios”, mas não iludam as pessoas.
Quanto ao exemplo 3. Bom, este recorrentemente a malta se coloca a medir as…. Pronto… E utilizam o que lhes aprove para o seu umbigo, isto demonstra falta de seriedade, claramente. Certamente e óbvio que em diversas situações adotamos a posição que mais nos beneficie, claramente e a vida funciona assim até na política. Porém, ali está subjacente outros valores e princípios… Pois… É que o meu último artigo era um chamar à razão não só dos montantes despendidos em esports, mas acima de tudo, da postura que o jogador deve ter e da valorização que deve dar às coisas. Se no primeiro exemplo do exemplo 3, o CEO/staff transmite ideias de trabalho, dedicação, meritocracia, etc. este irá premiar o desenvolvimento dos seus jogadores e equipas, e atuando, de forma consciente e social. Se no caso do segundo exemplo dentro do exemplo 3 (passo a redundância) o CEO/Staff fala de boca cheia, então mais tarde ou mais cedo quando disser “malta… não estão a apresentar resultados, teremos de reduzir ou penalizar”, o atleta/jogador/wtv dirá “não não, então tu disseste aquilo do Teodosius e agora estás a dizer isso? Não senhor, agora pagas e é se queres.” Pois…
Em suma, os CEO’s / Staff’s de clubes têm um dever social de transmissão de valores e princípios. Quando o topo da pirâmide falha, é normal que os demais falhem abaixo de si, e nessa senda, não se constrói um mercado mais profissional, nem mais sério, nem mais competitivo, nem mais … adulto.
E é tudo por esta semana, espero que os clubes passem a atuar também de uma forma mais consciente, pois já chega de ouvir o “éééééé este anooooooooo este ano vamos apostar buéééé e gastar buéééé” e depois… pois…. “malta não vai dar, o “clube vai fechar” ou… “malta… isto assim não conseguimos suportar os custos da equipa e….” ou como “Não tenho respeito nenhum pelos FTW, vocês estão bem é aqui, aquilo não é nada, isto aqui é que é algo sério” e meses depois temos os jogadores à porta a dizer “opá… desculpem… acreditamos em X e afinal era tudo mentira” ou “não sabíamos que isto era assim” Pois… Ninguém ganha com isso, pena ainda nos dias de hoje não se aperceberem de algo tão básico.
E sim, estas três situações, e muitas outras, já aconteceram este ano e de meu conhecimento. Chega de ou “megalomanismos” e chega de “dissimulações” e chega de “ai sou um coitadinho”, tudo apenas para “show-off” ou… bom… sabe-se lá para quê. Os clubes, os “clubes”, os mais velhos e os “sabe-se lá o quê”, têm um dever social que não devem descurar.
Até para a semana!
Ramiro Teodósio é o CEO e fundador da For The Win eSports Club
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