Fotografia: Red Bull Content Pool/Hugo Silva

A Project$ já está em Madrid para disputar as finais mundiais do Red Bull Campus Clutch e a RTP Arena foi ao encontro de três elementos para saber mais sobre a equipa.

Miguel “Bati” Batista, Ian “k1zpawn” Rebelo e o treinador Felipe “Sef” Vieira estiveram à conversa com o Hugo “kazac” Pereira sobre o processo de qualificação, a formação da equipa, a preparação para a competição, o Episódio 3 do VALORANT e o estado do cenário nacional.

A defender as cores de Portugal, a equipa ficou ontem a conhecer o seu grupo e vai participar no torneio de 20,000€ ao longo deste fim-de-semana (17 e 18 de julho).

RTP Arena: Estão prestes a iniciar a vossa participação numa das primeiras LANs internacionais de VALORANT. Quais são as vossas expectativas para o evento e para a experiência?

k1zpawn: O torneio é uma boa oportunidade de visibilidade para todos nós, é um torneio grande, internacional e acredito sinceramente que o vamos ganhar. A única equipa que nos pode fazer frente e, mesmo assim, não acho nada de especial é a Bielorússia. É só estarmos focados no jogo, querer mais do que os outros e podemos ser felizes em Madrid.

Bati: Não diria que somos necessariamente favoritos, mas temos muitas boas chances de ganhar a competição – não sei se as pessoas estão à espera do que nós vamos trazer para o evento.

Sef: Muito provavelmente vai ser um dos torneios mais importantes para as carreiras dos jogadores em questão, a nível de VALORANT claro, porque se trata de um torneio de nível mundial, estamos entre as doze melhores equipas e é uma visibilidade bastante grande.

Como o k1zpawn e o Bati disseram, eu também não gosto de usar a palavra favorito mas é mais no sentido da nossa preparação, considero que a mesma está num nível bastante superior ao que a gente conhece.

Não posso falar por todas as regiões porque existem algumas das quais não temos nem ideia do seu nível, mas a nível de Europa e América já temos conhecimentos de como eles trabalham e posso dizer que não estão à espera do nosso nível.

Mais do que o nível dentro do servidor, o nível de trabalho – o pouco tempo que a gente consegue dedicar ao jogo é tempo de excelência e vai ser um ponto forte para a nossa vitória.

RTP Arena: Foi no final de março que iniciaram a vossa caminhada rumo à LAN, fazendo uma qualificação nacional e internacional praticamente perfeita. Quando entraram no 1º qualificador, já imaginavam que tudo ia correr assim tão bem para estarem presentes em Madrid?

Sef: Esta proposta de trabalhar como Project$ chegou-me da parte do LionClaw e do Bati, inicialmente foram eles que começaram a criar a equipa e vieram falar comigo. Sef, a gente quer fazer isto, tens aqui uma lista de pessoas que podemos escolher, ajuda-nos a fazer uma equipa.

Alinhei e, logo na primeira reunião que tivemos todos juntos, abri a mesma a dizer que só ia com isto para a frente se fosse para ganhar, se não for para isso nem me chamem. Sempre foi essa a mentalidade desde o minuto 0 e todos partilharam dela.

k1zpawn: Em Portugal, sabíamos que íamos ganhar, não havia ninguém que fosse suficientemente bom, pelo menos a nível individual não existe um único jogador melhor do que nós nas equipas universitárias.

Quando chegou a altura da qualificação nesta zona da Europa, França não foi um problema mas agora, quando apareceu o UK, eles já começaram a preocupar um bocado. Mas eu sempre disse que estávamos na LAN e ganhamos esse jogo, fácil.

Bati: É um bocado o que o k1z disse, em Portugal sabíamos que não tínhamos problema nenhum. UK era favorito, é uma equipa bastante forte e com nomes conhecidos, acho é que não se aperceberam mesmo do nível a que estávamos.

Desvalorizaram – a realidade é que não mudamos muita coisa de um jogo para o outro e eles nem se deram ao trabalho de dar anti-strat nem ver as nossas VODs anteriores, sentimos a França mais preparada neste sentido, fez o trabalho de casa.

Eles entraram no servidor como se fossem os campeões e pronto, agora de certeza que devem estar arrependidos ao não ter dado o seu melhor.

Bati Project$

Bati com a jersey do Red Bull Campus Clutch. Fotografia: Red Bull Content Pool/Hugo Silva

RTP Arena: No vosso elenco, contam com elementos de várias equipas diferentes (ehehxd, EGN, FTW). Como decidiram formar este quinteto para competir no Red Bull Campus Clutch?

Bati: Na altura, dava-me bastante bem com o LionClaw porque já o conhecia da altura dos B7, não conhecia o Sef mas disse que esta era uma boa oportunidade para nós e que devíamos fazer uma equipa.

O Sef foi indicado como um bom treinador já da altura da B7 e que era uma boa ideia chamá-lo para o projeto.

Antes de falar com ele, já tinha andado a ver as opções que tínhamos e uma delas foi logo o JannyXD, jogador que já conhecia. Bem, sendo honesto, já conhecia praticamente todos os que aqui estão.

Já tinha participado com o k1zpawn num torneio, o Silenttt estava a jogar comigo nos WhyNot e, apesar de ter sido o último a ser escolhido para este projeto, a realidade é que era a melhor opção que tínhamos para completar a equipa.

Eu, o Sef e o LionClaw escolhemos as pessoas, experimentamos logo este quinteto e decidimos imediatamente que não valia a pena testar outros elementos, que era com estes que íamos jogar.

Sef: Recordo-me que, quando o LionClaw me convidou para isto (em finais de janeiro), fiquei de pé atrás. Conhecia os nomes porque já tinha estado nos B7 mas não estava familiarizado com as pessoas, as suas personalidades e não tinha informação suficiente sobre o seu nível para ter uma opinião bem formada sobre os jogadores em causa.

No entanto, dois-três jogos foi tudo o que bastou para reconhecer que o projeto tinha potencial e que podemos ganhar o torneio. Foi nessa altura que lhes disse: se é para ir para a frente, vamos e é para vencer.

RTP Arena: Estamos numa altura importante em que decorrem qualificadores do VCT e também no circuito nacional através do Tormenta e VCE. Tendo tudo isto em conta e a agenda com as vossas equipas, como têm sido a vossa preparação para esta competição?

Bati: Temos estado a preparar-nos bem. Começamos a treinar contra outras equipas no início de fevereiro e, nos primeiros três meses, essa preparação foi leve. Duas ou três vezes por semana, fazíamos dois jogos à noite e, quando passamos a final nacional, já começou a ser investido mais tempo.

Eram feitas mais praccs e, neste último mês, têm sido sempre a bombar. Treinamos quase todos os dias, só não é todos por coisas da vida pessoal mas dávamos início às praccs logo pelas 11:00. Durante a tarde, fazíamos treinos com as nossas respectivas equipas e voltávamos a reunir de noite para dar continuidade ao Project$.

Este último mês foi bastante cansativo para todos nós, estamos a fazer 12 praccs diárias das 11:00 às 23:00, têm sido cansativo e exaustivo mas temos a mentalidade de que é necessário ganhar o torneio. Enquanto Project$ sabemos que, se ganharmos, vai abrir muitas portas para todos nós.

Foi essa a mentalidade que o Sef nos incutiu desde o início e é essa que vamos levar até ao fim.

Sef: O Bati disse praticamente tudo sobre a nossa preparação, adicionar apenas que tentamos dividir as horas – 80 a 90% são dedicadas a treinos contra outras equipas mas tentamos sempre ter uma ou duas horas por semana para estar dentro do servidor comigo e falar.

Perceber os nossos pontos fracos, o que podemos melhorar, o que podemos adicionar, uma ou outra pequena alteração na nossa composição, no nosso plano de jogo… fazer essa análise e não ser só jogar, jogar, jogar. Primeiro, porque isso não faz sentido e porque o valor que acrescento a esta equipa é precisamente esse, o de análise e preparação dos jogos que vamos ter pela frente.

Muito mérito ao Bati, por temas pessoais da minha vida também, existem sempre dias em que fica mais complicado. Sempre que não posso estar presente, é o Bati que faz a gestão de toda a parte burocrática e logística que não seja jogar VALORANT.

Quando não sou eu devido a indisponibilidade, quem assume este papel de controlar os rapazes, marcar os treinos e preparar alguma coisa é o Bati, deixo sempre alguma nota para ele mas depois é ele quem dá a continuidade.

k1zpawn: No que diz respeito aos treinos, acho que toda a equipa tem que agradecer ao Sef e ao Bati por todo o trabalho tático que fizeram para nós, sem esse esforço tudo era pior e mais cansativo. É uma boa forma de conseguirmos evoluir enquanto continuamos a jogar com as nossas equipas, o Sef e o Bati terem um tempo para falar destes assuntos.

RTP Arena: No Campus Clutch, precisam de ficar entre as duas melhores equipas num grupo de seis para seguir em frente. Já tiveram oportunidade de observar as outras equipas? Quais as nações que gostariam de ter no vosso grupo e porquê?

Bati: É engraçado, nós temos um ficheiro já feito como deve ser com power rankings, as equipas todas delineadas, quais são os pontos a ter em conta, etc. O meu grupo ideal seria formado por Bélgica, Estados Unidos da América, Brasil, Paquistão e Espanha. Penso que seria o caminho mais fácil para chegarmos aos Playoffs.

k1zpawn: Acho mais fácil dizer quais não gostava de ter no grupo. Neste caso, Bielorússia e, apesar de não me meterem medo, a Turquia porque deve estar bem preparada taticamente.

Sef: Na minha opinião, o grupo perfeito seria nós juntamente com o Paquistão, Espanha, Canadá – gostava também de apanhar já a Turquia ou a Bielorússia.

Bati: A nível geral, consideramos que a Bielorússia é uma boa equipa, a Austrália tem dois jogadores fortes, o Egipto é equipa mesmo e pode surpreender, mas não achamos ser nada por aí além.

A Coreia do Sul tem dois jogadores de VCT regional, Canadá e EUA não devem ter hipóteses, a Turquia possui muito talento individual mas não creio que sejam assim tão desenvolvidos taticamente, é formada por jogadores fortes.

k1zpawn: Uma pessoa está sempre a dizer que é dos pings que eles (Turquia) jogam agressivo e que adquirem vantagem com isso mas na LAN não vai haver nada disso, vai ser equilibrado. Se jogarem assim no torneio, vão levar logo.

RTP Arena: A chegada do Episódio 3 trouxe consigo diversas mudanças na economia, agentes e as suas respectivas habilidades. Com o tempo que já tiveram para experimentar e jogar, quais as vossas impressões e alteração preferida?

k1zpawn: Atualmente, acho que necessitas de ser mais inteligente a utilizar as habilidades no jogo, com a redução do número de flashes, etc. Estas alterações colocaram o VALORANT muito mais próximo daquilo que é a ideia de jogo do Counter-Strike.

Vai ser necessário jogar mais lento ou, quando tomamos uma decisão, vai ter de ser a correta porque depois não vais ter spam para utilizar, o jogo castiga mais. Tens de ter mais cuidado a jogar, não podes estar a mandar três flashes como de antes, gosto mais do jogo assim, não há tanta javardice.

Sef: Concordo bastante com o k1z. Há uns meses atrás, estava bastante desmotivado até para trabalhar com VALORANT, um jogo que se intitula de Tactical Shooter mais parecia um Hero Shooter, as rondas eram todas decididas nas habilidades.

Acho que sim, que num Tactical Shooter as habilidades/utilidade têm de fazer uma diferença mas não é ganhar-te doze rondas, uma ou duas porque usaste bem a utility ainda concordo. No estado anterior, o jogo não era um Tactical Shooter, ganha quem souber usar melhores as habilidades, independentemente de saber apontar ou não.

Não quero com isto dizer que não existe mérito, obviamente que existe e muito mas o jogo não foi desenhado para ser assim, pelo menos segundo a minha interpretação sobre tudo o que a Riot Games já disse. Não estamos aqui a jogar Overwatch e, com estas alterações, vemos um caminho construído para se fazer um Tactical Shooter como deve ser.

As rondas de pistola atuais são o exemplo perfeito disso, já não tens tanta utility. Antes, dependendo do agente, era possível comprar utility e uma Ghost. Agora, ou tens um ou o outro. São estas pequenas alterações que fazem a diferença, antes vinhas com um kit completo, agora é preciso mais planeamento, uma ideia concebida e saber adaptar com o que tens durante a ronda.

Bati: Antes, o jogo estava num local estranho porque a meta estava muito orientada para o pós-plant e isso não era bom de se ver.

Apesar de ainda existir, já não há tanta tendência para tal porque tens menos utility e, se não a usam para entrar no site, fica difícil ganhar o mesmo. Tudo isto depende também da composição da equipa e é uma das razões pelas quais vemos mais variedade agora.

Uma das coisas que não falaram e que considero muito positiva é a adição do KAY/O, é difícil perceber e ajustar o agente à equipa porque nunca tiveste um assim.

Sef: Não acho que seja difícil extrair o seu potencial máximo mas, sim, é um pouco complexo. Se tiveres as coisas minimamente vistas e pensadas, é um agente que entra em qualquer composição.

Para uma equipa que joga em gamble, agora vou para o B sem qualquer tipo de informação, simplesmente estou aqui a escolher a letra que mais gosto, realmente é o agente mais forte.

k1zpawn: Sobre o agente e da minha opinião de já termos jogado contra ele, considero muito forte se escolheres um site e decidires executar com tudo nele. Não há hipótese, ou jogar com três lá ou tens de dar o site, ele desativa-te tudo e depois é para esquecer.

Estás lá de arma e sem nada para utilizar ao mesmo tempo que levas com tudo em cima. É demasiado forte e necessita de ser ajustado.

k1zpawn Project$

k1zpawn mostra-se bastante confiante no título. Fotografia: Red Bull Content Pool/Hugo Silva

RTP Arena: O VALORANT está a fazer um ano em Portugal e ainda vemos muitas equipas a fazer alterações nos seus projetos. Olhando ao estado atual do cenário, o que acham dele? Faltam jogadores? É preciso mais competições? Que avaliação fazem deste 1º ano?

Bati: Primeiro ponto, as equipas estão mal montadas e é essa a realidade. Não faltam projetos em Portugal com vários jogadores a fazer o mesmo papel, tens pouca versatilidade dentro da equipa e torna difícil que as mesmas se adaptem à meta, é por isso que as equipas portuguesas estão como estão.

Para além disso, faz falta que mais jogadores dêem o step-up para assumir posições de IGL porque os mesmos estão em falta. Sinto que tens quatro em Portugal, se tanto? Bem, puros, puros não tens.

Sef: IGLs tens o Bati, que começou desde o início, tens o Ds também, tiveste o Phatt que também teve uma altura de IGL apesar de já não o ser na SAW, penso que agora é o Addicted que está a dar as calls. Pode ser considerado um IGL por estar a desempenhar esse papel agora?

Poder, pode mas, na realidade, não é essa a role que ele sempre jogou nem o estilo de jogo dele devia estar a ser gasto nessa função. Antes de mais, esta é uma opinião pessoal minha e uma análise que tenho do cenário português.

k1zpawn: Outra coisa que se nota em nós, portugueses, é que somos muito fracos mentalmente, arrogantes, nunca cometemos erros. Falta muita humildade, perceber o que se está a fazer de errado e, em vez de aziarem uns com os outros por algo que aconteceu, oferecer a solução porque acho mesmo que o povo não corrige erros, estão sempre a fazer a mesma coisa quando erram, pelo menos nas equipas mais baixas dá para ver isso.

Sef: O ponto mais importante no fracasso do cenário português, porque vá, na minha opinião somos uns fracassados ao lado do que é feito na Europa, temos o azar de estar na região mais forte a nível mundial e obrigados a trabalhar o dobro, é mesmo a falta de staff o problema.

Não há ninguém que saiba dar coach – o único que considero bom é o mowzassa – e nem a mim me considero porque não tenho tempo para o fazer. Não há um coach, não há um manager que te possa ajudar, existe muito pouca gente e ainda por cima a fazer um mau trabalho.

Existe uma ou duas pessoas a fazer um bom trabalho e existem cinco que não estão a fazer nada de jeito, não existem opções. Os bons já estão contratados e a fazer aquilo que devem fazer, os maus andam por aí a fazer o pouco que sabem e mal, não há escolha para as equipas.

Ou vais pegar em alguém que é mau ou vais fazer uma proposta para alguém que é bom mas entendo que nem todas as equipas têm a oportunidade de estar a pagar um salário a um staff, se já a um jogador é difícil para muitas organizações portuguesas, imagina um coach, manager, analista, etc.

Para mim esse é o ponto mais fraco do nosso cenário, não existe ninguém que esteja fora do servidor a preparar, a ver o que está mal, o que devem ou não fazer, ajustar.

k1zpawn: O povo pensa demasiado no dinheiro mas, no fundo, não vale nada. E contra mim falo! O que é que eu ganhei? Qual é o meu valor? Eu não valho nada e tenho uma das melhores equipas a nível nacional, não recebo por isso enquanto andam outros a receber para não fazer nada.

O que lhes custa perceber é que para as organizações darem contratos e dinheiro, é preciso terem o mesmo. E para as organizações receberem dinheiro, é preciso ser bom. Se tu não és bom, qual é o dinheiro que tu geras? Vão-te pagar com o quê?

Sef: Para dar força ao que o k1z disse, de que existem pessoas que trabalham mal e a receber – dá igual se estão a receber ou não, isso para mim é insignificante, posso garantir aqui que já apareceram pessoas competentes de fora com interesse em entrar no cenário português e que as organizações não lhes quiseram pagar um cêntimo.

Estamos a falar de staff com currículos superiores a qualquer um aqui em Portugal, que entregaram o mesmo à organização e possuem mais experiência até que eu ou o mowzassa, recebendo a resposta que a trabalhar com eles só se for gratuito.

Treinadores tier 1 de outros cenários, não só VALORANT, com currículo e trabalhos excelentes que foram logo descartados e vão embora para outras regiões, não podem dizer que as oportunidades não surgiram de ter pessoas cá que trazem valor ao nosso cenário.

Bati: Para finalizar, sinto que falta apoio e que podíamos ter mais organizações a entrar.

Acredito perfeitamente no talento em Portugal e sei que projetos montados com as pessoas corretas, com pés e cabeça, apoios como deve ser poderiam chegar muito longe. Projetos como os SAW, “bem montado” e com apoio por trás a nível de staff e financeiro, são quem mais longe chegou com um Top 16 no VCT.

Se conseguires criar outros projetos, semelhantes e com um staff por trás porque acredito mesmo que é um dos aspetos mais importantes no VALORANT – podes evoluir o que quiseres individualmente mas, sem este, vais acabar por estagnar porque não existe experiência.

É difícil seres autocrítico contigo mesmo, precisas de outra pessoa a fazer esse trabalho e se a mesma não existe, as equipas vão estagnar e é o que está a acontecer às portuguesas. Tudo muito bonito ao início mas chega um ponto em que deixam de evoluir e depois acontece o mesmo que no Counter-Strike, começa a dança das cadeiras.

As pessoas em vez de olharem para o que está errado, tentarem perceber e dizerem vamos melhorar, começam com a mentalidade dos cortes baseados em performance e é algo horrível de se ter, infelizmente é o que temos em Portugal, já acontecia no Counter-Strike e está a acontecer no VALORANT.

Em suma, se as equipas que estão mal montadas fossem refeitas e com staff competente por trás, não duvido que Portugal pode ter muito sucesso mas não irá acontecer em breve. Vamos ter 2-3 equipas a conseguir fazer algo lá fora e o resto vai continuar na cepa torta.

Sef: A nível do talento que existe em Portugal, coloco as minhas mãos no fogo que consigo criar uma equipa no mesmo nível da SAW mas não possuo fundos para a construir. Existem jogadores com essa capacidade mas estão espalhados por várias equipas que, na realidade, também estão mal feitas.

Na escolha de jogadores, não foram as melhores e não digo isto por o jogador ser bom ou mau dentro do servidor, pode ser o melhor a nível nacional mas não encaixar em determinada equipa.

É esse o meu ponto de vista e acho que mais gente devia tê-lo. Seres o melhor estatisticamente não quer dizer que sejas o melhor candidato para integrar qualquer equipa e esse é um dos problemas.

As pessoas vão para aquele que é melhor em solo queue, o melhor a jogar nas rankeds, não quer dizer que ele seja mau, simplesmente não é o que encaixa na equipa e que precisas.

RTP Arena: Existem algumas palavras finais que queiram deixar a alguém ou à comunidade?

k1zpawn: Quero agradecer ao Sef e ao Bati por todo o trabalho que tiveram fora do servidor, dedicaram muito tempo a isto e vamos dar valor ao tempo que perderam conosco.

Sef: Agradeço a toda a minha equipa – LionClaw, Bati, Silenttt, JannyXD e k1zpawn porque, mais importante de tudo, só o LionClaw me conhecia e todos eles, desde o minuto 0, tiveram um respeito inacreditável por mim, fiquei até surpreendido quando nunca tinham ouvido a minha voz, depositaram a sua confiança em mim e estou grato por isso.

Mais do que uma equipa, tornamo-nos num bom grupo de amigos e é claramente a melhor parte disto, podemos dizer que a maioria do nosso sucesso veio desta amizade criada e o respeito mútuo. Foi a chave para o nosso sucesso como Project$.

Bati: Não era possível fazer o trabalho que fizemos sem o Sef e, em primeiro lugar, agradeço-lhe por isso. Agradeço também a todas as pessoas que nos apoiaram, depois de ganhar a final nacional e a knockout, tivemos várias pessoas que nos deram os parabéns e é bom sentir esse apoio em Portugal.

Agradecer ao MeetTheMyth por todo o apoio e a cobertura que têm dado na stream dele, isso é bom para a nossa visibilidade. Temos muita chance de ganhar o torneio e, se vencermos, acreditem que vai haver festa.

RTP Arena: Muito obrigado a todos pelo tempo despendido e boa sorte para a vossa participação no Red Bull Campus Clutch!

A Project$ está inserida no Grupo A desta LAN mundial e vais poder acompanhar a sua prestação a partir das 08:30 de sábado na transmissão portuguesa da Red Bull com Guilherme “MeetTheMyth” Bento, Luís “M0ove” Silva e João “Moreira” Moreira.

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*Entrevista realizada a 13 de julho.

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