A poucas horas do arranque do qualificador fechado da ESC Online Master League Portugal by ASUS, estivemos à conversa com Carlos “KKM” Martins, gestor de produto da liga, para perceber o porquê de voltarem a apostar na jornada inaugural, a ausência de BO3’s em alguns dos jogos decisivos do qualificador fechado e os novos acordos firmados entre a liga e as organizações.
Olá Carlos! Contrariamente à anterior temporada, voltaram a apostar na jornada inaugural em LAN ao invés de um media day, que agora se realiza durante essa mesma inauguração de competição. Quais as razões de terem voltado a fazê-lo?
KKM: Na temporada passada não foi bem o caso de optarmos directamente entre o Media Day e a jornada inaugural em LAN… no ano passado tínhamos realizado a jornada em Santa Maria da Feira, como está planeado para esta nova edição, e penso que ficámos todos com a ideia que subimos um pouco o nível do que tinha vindo a ser feito em termos de jornadas inaugurais e então acabou por não surgir um local que nos desse as condições que Santa Maria da Feira nos proporcionou e acabámos por ir na direção de apenas realizar o Media Day, sendo que também era um desejo nosso experimentar o conceito. A 4ª temporada contou com mais conteúdos de qualidade, mais vídeos, mais fotografias engraçadas com os jogadores… isto para a comunidade. Conciliar a jornada inaugural com o Media Day não é fácil, temos conseguido fazê-lo com algum sucesso, mas reparamos que na temporada anterior acabámos por conseguir realizar um Media Day com maior qualidade e, desta vez, queremos obviamente conjugar ambos. Não sabemos ainda como vai correr, mas espero que bem, pois Santa Maria da Feira habituou-nos a uma boa recepção e a bastante público.
Referiste numa série de tweets que firmaram acordos com algumas organizações, referindo “condições mínimas” necessárias para melhorar o profissionalismo do CS em Portugal. Em que consiste esse acordo e essas condições mínimas?
KKM: Nós ouvimos o feedback de todas as organizações e jogadores durante as diferentes temporadas e acabámos sempre por chegar a alguns pontos em comum. No caso dos jogadores, reparámos que algumas organizações, segundo o reportado, muitas vezes aproveitavam as vagas detidas na liga para ter algum poder negocial e obter acordos facilitados durante a negociação de contratos, visto que esta vaga na MLP vale bastante. Sendo assim, ao longo das quatro temporadas, fomos sempre dando poder negocial às organizações, ou seja, elas mantém-se na liga ficando nos seis primeiros lugares, acabando a vaga por ficar associada à organização e não ao lineup, acabando elas por definir o destino da mesma. Contudo, nesta temporada, chegamos a um acordo com as organizações e acordamos que quem pretendesse manter esta vaga na competição teria de remunerar os jogadores num determinado valor. Não é um valor enorme, mas é um que achámos (MLP e organizações) que estivesse dentro da possibilidade de pagar na realidade atual e é maior do que aquilo que era pago antes a grande parte dos jogadores.
Este acordo entre MLP e Organizações vem a partir do feedback que todas as seasons recolhemos junto das Orgs e Jogadores. Acredito que seja um passo dado em frente na evolução do CSGO em Portugal mas nada se faz sem trabalho.
— Carlos Martins (@OfficialKKM) March 4, 2020
Acho que é um passo dado em frente em garantir algumas condições aos jogadores e compete agora a eles também darem sinais positivos, ajudarem as organizações e não pensar que estas servem apenas para pagar despesas de deslocações a eventos e ordenados, mas também para fazer crescer as suas redes sociais e publicitar os patrocínios de cada uma, porque é assim que temos de caminhar – juntos. Penso que ambos os lados têm agora motivos para estar contentes. Existem mais condições no contrato, mas não me quero alongar neste assunto. No lado das organizações, estas acabam por ter um compromisso com os jogadores. Nós conhecemos grande parte dos contratos que estas oferecem, algumas até nos mostram para confirmarmos se estamos de acordo ou não e penso que estamos a fazer as coisas de uma forma correta.
O qualificador fechado tem sido alvo de algumas críticas por parte da comunidade, devido à possibilidade de eliminação e qualificação sem um único BO3 jogado. Qual foi a razão de terem optado por este modelo?
KKM: O qualificador fechado foi definido desta maneira porque, se formos olhar para as coisas, estão neste momento a começar os playoffs da ESEA. O qualificador fechado poderia ter ocupado, digamos, de 9 a 20 de março porque o nosso interesse seria, como é evidente, colocar o qualificador fechado aos fins-de-semana, seria melhor para espectadores, melhor para nós devido a horários e melhor para as equipas porque há umas que não podem jogar tão tarde porque ainda têm jovens e há equipas que preferem jogar mais cedo, como é o exemplo das mais profissionais, porque começam a treinar mais cedo e chegam ao fim do dia mais fatigados. Neste momento, os fins-de-semana estão todos ocupados, começam também os playoffs da ESEA, poderão existir mais atividades que não posso falar ainda que estão a ser planeadas e que seriam boas para toda a gente… e nós tivemos de nos restringir a 4 dias, de segunda a quinta-feira. As equipas poderão ter de realizar viagens para outro evento no fim-de-semana, e acabámos por ficar um pouco presos. Já colocámos jogos a iniciar às 19:00 e se queremos que eles terminem, no máximo, à meia-noite ou meia-noite e meia, que mais poderemos fazer? Queremos transmitir todos os jogos, não há espaço de manobra. Todos os jogadores que nos abordaram com essa questão, nós explicamos a situação e mostramos que se nós não pensássemos neles poderíamos até fazer double-elimination bracket BO3 ou BO5. Mas preferimos pensar neles e nos seus calendários, não obstruir outros eventos e pronto, foi a forma que deu. Uns podem estar contentes, outros menos, mas estamos abertos a todo o tipo de feedback!
O caso do COVID-19 tem-vos causado algumas preocupações devido aos vossos eventos que se aproximam, nomeadamente a jornada inaugural e o MOCHE XL?
KKM: Tenho uma opinião muito pessoal, o COVID existe e é verdade que pode causar muitos problemas, há países em que a questão está já bastante séria, tal como Itália, por exemplo. Eu nunca esperava que um país Europeu fosse sofrer tanto, mas está a acontecer e tem de se lidar com isso. Neste momento em Portugal, penso que estamos a embarcar numa onda de pânico. Sou totalmente a favor da prevenção, e estou de acordo que qualquer evento tem de tomar medidas para o mesmo, para tentar proteger o staff, público, jogadores, etc. Não sou a favor do cancelamento de eventos cá, acho que ainda não atingimos esse patamar, e espero que não cheguemos a esse ponto mas é algo que pode vir a acontecer. Espero que não aconteça e espero que este vírus seja controlado ao máximo, e acho mesmo que isso vai acontecer. Pode não ser já neste mês ou no próximo, mas a minha expectativa é que de maio não passe e que o MOCHE XL, o maior evento de esports em Portugal, não seja “atacado” (risos), digamos assim. Acho que prevenir é a palavra certa e cancelar é a errada.
Tens algumas palavras que gostarias de acrescentar?
KKM: A quinta temporada da Master League Portugal está a começar, as nossas expectativas é que possa ser uma ainda mais equilibrada que a anterior, esperemos que os jogadores e organizações continuem com o mindset correto, que os jogadores se mantenham mais unidos que nunca e que nos mostrem um bom CS, que treinem bastante! Espero que o povo português continue a apoiar as equipas nacionais, porque isso também faz falta e acredito que elas cada vez mais estão a trabalhar para chegar a um novo patamar. E, como sabem, o campeão da MLP vai ter acesso direto à MOCHE XL Esports e espero que a equipa que nos represente mostre um brilho enorme!
Quanto à entrevista, agradeço-te a ti e à RTP Arena, que continuem a fazer um bom trabalho!
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