O controlo de lançamentos da Steam voltou a falhar e permitiu o lançamento de um jogo macabro no final de março.
No Mercy vende-se como uma graphic novel interativa em 3D com conteúdo sexual, mas pouco é necessário investigar para perceber que se trata de algo mais sombrio. Segundo a própria mini-descrição do jogo, o foco é o incesto e a dominação masculina com o objetivo de “fazer todas as mulheres tuas“.
Apesar de na descrição de conteúdo adulto do jogo, uma obrigação de todos os títulos que tenham este tipo de categorização, ser referido que todos os atos acontecem entre adultos com consentimento, a descrição pública para os jogadores desmente essa promessa.
O texto descreve que poderás “tornar-te o maior pesadelo de todas as mulheres” e que “nunca aceites não como resposta“, frases que comprovam uma história diferente daquela que é afirmada no controlo de descrição de conteúdo adulto.
A Steam não aceita jogos que promovam diretamente a violência contra etnias, géneros, orientações sexuais, ou outros grupos específicos de pessoas, mas já não é a primeira vez que um jogo passa pelo controlo da loja digital. Em 2019, outro jogo sobre violação, Rape Day, passou pelo controlo, acabando por ser removido mais tarde. Também já aconteceu a situação com outros títulos, como por exemplo Active Shooter, em 2018, um simulador de tiroteios em escolas.
Breaking News: We’ve just launched a petition calling on @steam to remove r*pe + incest game No Mercy from their platform globally.
Help us send a message that rape is not entertainment. Sign the petitionhttps://t.co/4Zyl3R0TbC @valvesoftware
— Collective Shout (@CollectiveShout) April 9, 2025
Várias organizações lutam agora pela atenção da Valve para esta situação, ordenando a remoção imediata do jogo da loja. Collective Shout, Women In Games e outras instituições que ativamente a violência contra as mulheres, dentro e fora dos videojogos, consideram esta situação inadmissível e relembram que “violação não é entretenimento“.
A CEO da instituição Women in Games, Dr. Marie-Claire Isaama, falou à VGC revelando que “O facto de que este jogo está disponível na Steam é completamente inaceitável.“, acrescentando ” Envia uma mensagem clara e preocupante de que a violação das mulheres não só é tolerável como jogável. Esta é uma mensagem que não tem lugar na nossa indústria, nas nossas comunidades e na nossa sociedade“.
Neste momento, as lojas Steam da Austrália, Canadá e Reino Unido já removeram o título, contudo, este continua disponível na grande maioria dos mercados globais da Valve. Decorre também uma petição na plataforma Change.org para pedir a remoção do jogo com efeito imediato de todas as regiões.
Nas redes sociais, jogadores e personalidades do mundo dos videojogos, e não só, unem-se a uma só voz para chamar a atenção para esta situação e pedir ação das entidades responsáveis. Há também quem critique o facto deste ter sido sequer inventado, quanto mais ter chegado à maior loja digital de videojogos do mundo, como foi o caso de Nuno Markl.
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[ATUALIZAÇÃO]
O jogo foi entretanto retirado da Steam pela própria criadora, a Zerat Games, que continua a defender que o jogo apenas quer representar os fetiches humanos e não tem qualquer objetivo maléfico. Apesar disso, percebem que pode ofender certas pessoas, pelo que ofereceram as suas “sinceras desculpas”.
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