Há algumas semanas, a Blizzard lançou uma patch com as mais recentes alterações a cartas, algo que o jogo bem precisava, tal era o ódio cada vez maior à volta de Yogg-Saron, Hope’s End e de Tuskarr Totemic. Contudo, apesar da esmagadora maioria dos jogadores acreditar que a alteração ao Tuskarr ia ser o suficiente para que Shaman deixasse de ser a melhor classe, a verdade é que as alterações que se verificaram nas restantes classes fizeram com que o fosso entre Shaman e estas se tenha tornado maior ainda.
O meu nome é Nuno “Rapture” Ribeiro, jogador e streamer da For The Win eSports, e hoje venho-vos explicar por que é que Midrange Shaman é o Deck mais opressivo do jogo.
Em primeiro lugar, por que é que se criou este “fosso”? A verdade é que Yogg-Saron, antes de ser alterado, era uma das poucas cartas que permitia a Decks como Druid competir com Shaman: a pressão que o Thrall e os seus amigos Totems impunham era tanta que não havia 10 de mana que chegassem para o contrariar e a solução era o famoso “Praise Yogg”. Posto isto, ao passo que Shaman perde Tuskarr e Rockbitter Weapon, as restantes classes que conseguiam competir com Shaman perderam algo tão ou mais importante: mecanismo de regresso ao jogo como o Yogg, Tempo swings com Execute, no caso de Warrior, ou possibilidade de trocas favoráveis com Abusive Sergeant, no caso de Warlock Zoo, por exemplo.
Em segundo lugar, mesmo sem Tuskarr e Rockbitter, Shaman tem provavelmente o início de jogo mais forte do metagame. Tunnel Trogg ao turno 1, seguido de Totem Golem, Feral Spirit e Flametongue Totem dá azo a um efeito bola de neve gigante e dificilmente qualquer classe consegue aguentar um início de jogo assim. Não precisamos de voltar tanto atrás no tempo para nos recordarmos de um Deck com um início assim tão forte – Secret Paladin tinha a sua infame abertura de Secretkeeper, Shielded Minibot e Muster for Battle – e todos sabemos o quão opressivo Secret Paladin foi, ao ponto que só Aggro Decks conseguiam aplicar uma pressão ainda maior no early game para conseguir competir com Paladin.
Com isto, faço a ponte para o terceiro aspecto pelo qual Midrange Shaman é completamente superior a qualquer outro Deck: Shaman tem 4 (!!) Area of Effect Spells. Com 2 Maelstrom Portal e 2 Lightning Storm, nem Aggro consegue rivalizar com Shaman. Mesmo Warlock Zoo, que era conhecido por ser um dos poucos maus matchups de Shaman antes de One Night in Karazhan, só consegue uma winrate de 45% contra a classe. A Isto, ajudou ainda mais a adição de Spirit Claws às listas de Shaman e a um foco maior em Spell Damage, adicionando minions como Bloodmage Thalnos e Azure Drake: Claws é, essencialmente, uma arma de 9 de dano por 1 de mana. Só de pensar que Cogmaster’s Wrench tem basicamente o mesmo texto, mas custa 3 de mana…
Passando pelo midgame do Deck, Shaman tem ao seu dispor aquela que é provavelmente a melhor carta de spot removal do jogo no Hex, que lhe permite lidar com virtualmente qualquer Taunt grande ou outra ameaça adversária. Azure Drake e Fire Elemental são cartas sólidas nos turnos 5 e 6 mas é o Thing from Below permite Tempo swings gigantes, graças à sinergia dos Totems com Flametongue. Recentemente, vimos também a adição de Barnes e Ragnaros the Firelord. Ao passo que o último é claramente um excelente finisher (e até útil em matchups de controlo, sendo que, quando vem do Barnes, tem impacto imediato), Barnes não tem um mau minion para trazer excepto, talvez, Fire Elemental. Mesmo Drakes são bons pela sinergia de Spell Damage e o próprio Totem Golem é bom porque sempre desconta mais um Totem para o Thing from Below. Tudo isto, aliado a Thunder Bluff Valiant e até Bloodlust, forma Midrange Shaman.
Neste momento, não existe nenhum Deck que consiga ter um jogo tão consistente nas diferentes fases do jogo como Midrange Shaman. Mesmo outros Decks fortes de momento como Malygos Druid ou Secret Hunter pecam pela inconsistência: Druid demora a arrancar se não tiver Wild Growth e Innervate; Secret Hunter pode ter mãos empanadas com Secrets. Shaman dificilmente tem uma mão assim e, quando a tem, o seu Hero Power, apesar de parecer fraco, vai colocando pressão pela pura sinergia que as cartas têm entre si, sendo que os seus múltiplos AOE’s vão sendo o suficiente para aguentar o início de jogo adversário até conseguir estabilizar o seu.
Por esta semana é tudo! Espero que tenham gostado da leitura e que estejam tão ansiosos quanto eu por novas cartas para que Shaman deixe de ser tao opressivo. Veremos se, com a Blizzcon a começar já esta semana, teremos alguma novidade sobre isso! Para a semana cá estarei, com uma análise à fase de grupos do mundial de Hearthstone, que começa esta noite. Até lá!
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