Após um Domingo em que perdi uma hora e meia a salvar um cão da morte certa, o qual se encontrava ao abandono por donos inconscientes, decidi trazer a temática dos clubes de futebol. E agora perguntam: mas o que tem um cão abandonado a ver com pedidos de namoro e relações adulteras? Pois… Tudo e nada.
Andarão os desportos eletrónicos portugueses como cãezinhos abandonados a fazer os belos dos olhos doces a dizer: “adoptem-me por favor?” Não me parece! Aliás, muito pelo contrário. Os desportos eletrónicos portugueses têm diversos agentes ativos que têm vindo a promover as diversas modalidades, ou sub-modalidades durante décadas. O problema sim é, serem tratados como cães abandonados como se de casa precisassem e olhados de lado conforme apraz. Aquilo que os desportos eletrónicos carecem sim, é de uma verdadeira atenção empresarial com todas as componentes que podem elevar ainda mais esta modalidade.
Os números em Portugal não mentem e atendendo a essa “massa” alguns clubes têm-se mexido à sua “maneira”. Correta ou incorreta, isso já é outro ponto.
O que é certo é que ao longo dos últimos meses, quase ano, temos visto aberturas de divisões de esports em clubes de futebol. Certo é, que até ao momento – e desculpem mas desta vez mesmo que fiquei fragilizados as verdades têm de ser ditas – nenhuma delas é ou foi bem sucedida.
E fica a pergunta: “é importante os clubes de futebol entrarem no mercado dos desportos eletrónicos?”. A minha opinião é óbvia: SIM, É IMPORTANTE! Mas, porque há sempre o reverso da medalha, de forma correta e indo ao encontro das necessidades do mercado.
Vimos SCP eSports abrir com FIFA, em que pouca ou nenhuma projeção teve e parece-me ser mais um projeto em “pausa” até surgir a altura adequada para expandir ou entrar na verdadeira ação. Apesar de tudo, foi o clube que menos disparates fez na minha opinião. Temos visto outros a “abrirem”, depois fecham, depois saem “press releases” a dizer “ah e tal não sabíamos de nada disso”, outros a abrir com “secções fantasma”, outros com aberturas do amigo do amigo que é primo do amigo que foi lá pintar o muro da casa ao lado do portão… SENHORES!!! CHEGA!!! Em boa verdade os desportos eletrónicos não precisam deste circo. Só vem retirar toda a credibilidade que outros clubes/agentes de desportos eletrónicos têm vindo a construir ao longo dos anos. Não faz o mínimo de sentido este tipo de “abertura” de divisões de esports quando não têm o mínimo de plano de negócios feito ou estruturado aka “business plan”.
Isto resume-se a relações de adultério, e são relações de adultério porque os clubes de futebol já têm uma “fan base” própria oriunda dos desportos tradicionais como o futebol, andebol, atletismo e etc. Ou seja, ao “abrirem” estas secções de uma forma nada profissional estão a “vender” a sua marca de forma adultera, traindo de forma sistemática os seus fãs e seguidores.
Após isto e os erros consecutivos vêm eventualmente os pedidos de namoro. E o que são os pedidos de namoro? Muito simples… Estão a ver aquela rapariga que desde o tempo da primária ou secundária andaram a deitar o olho mas nunca tiveram coragem de sequer lhe dirigir a palavra com receio do não? Pois… Isso mesmo. Ao longo de toda esta evolução no mercado dos desportos eletrónicos, que se deve a 0, sim 0, mesmo 0 e 0 mesmo aos clubes de futebol, certo é que, até ao momento ainda não vi alguém que tenha criado obra em Portugal à frente de nenhuma divisão de esports de um clube de futebol, à exceção do exemplo acima mencionado. Isto deve-se à vergonha do pedido, ou ignorância do mercado, ou a cunhas sem sentido ou sabe-se lá a quê, que há alturas que já não encontro justificação.
Os desportos eletrónicos não carecem de mercenários, não carecem de oportunistas, nem carecem tão pouco que venham desestabilizar um mercado, que a bem ou a mal, tem-se vindo a estruturar, criar e desenvolver. Carecem sim, é que venham trazer mais e melhor, que venham acrescentar valor de mercado, venham trazer adeptos, venham trazer novas valências, venham trazer o grande capital e as grandes marcas, porque os grandes espetáculos já os conseguimos trazer e fazer. Vejam-se os grandes torneios presenciais que se têm feito ao longo dos últimos anos em Portugal, movendo adeptos e fãs dos clubes e jogadores a torneios de eSports, que tantas alegrias e lágrimas já trouxeram.
Resumindo, é importante a entrada dos clubes de futebol nos desportos eletrónicos? Sim, mas não como tem sido. Devem entrar de uma forma estruturada, profissional e que tragam valor acrescentado ao mercado e não, que venham retirar valor, como em certos casos tem vindo a suceder.
Até para a semana!
Ramiro Teodósio é o CEO e fundador da For The Win eSports Club
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