Decorreu hoje a 15ª edição do MOJO – Montra de Jogos no Instituto Superior Ténico e a RTP Arena foi conhecer o evento.

Este evento especial decorre desde 2008 e tem como objetivo expor as criações mais recentes do estudantes do Instituto Superior Técnico. É organizado pelo Laboratório de Jogos, um grupo dedicado à investigação e ao desenvolvimento de videojogos, constituído por alunos e professores desta universidade.

Durante o dia foi possível experimentar várias criações que estavam em exibição, algumas já jogáveis, outras em fases de pré-produção e conceito. Alguns dos títulos foram também desenhados por outro grupo do técnico, o GameDev Técnico, que reune atuais e ex-alunos para levar as criações mais longe, como foi o caso de um protótipo de um título com controladores feitos em LEGO que esteve presente numa GameJam em Copenhaga.

A RTP Arena aproveitou a oportunidade para falar com alguns do intervenientes na organização deste evento: Carolina Brás (Estudante de Engenharia de Informática e de Computadores), Miguel Seabra (Mestrando em Engenharia Informática e Jogos) e Rui Prada (Professor no IST na cadeira de Metodologia de Desenvolvimento de Jogos).


Começando já pelo MOJO, e lanço-te a pergunta a ti, Carolina, como está a ser a adesão do público, dos participantes e no geral como está a correr o evento?

Carolina:Esta 15ª edição tem corrido muito bem, dado que os alunos tiveram muito pouco tempo para desenvolver um jogo inteiro do início ao fim. Nota-se que os jogos estão muito bem desenvolvidos e está tudo muito dinâmico. Em termos de público interno, temos tido pessoal muito interessado nos jogos em si, em perceber como é que as coisas funcionam, e ver que jogos diferentes existem. Quanto a público externo, temos tido algumas pessoas mas na sua grande maioria são estudantes do IST que nos têm vindo visitar.

O evento, a Montra de Jogos ou MOJO, já decorre há 15 como estavam a contar-me há pouco. Ao longo deste 15 anos, como tem sido a evolução deste evento? E passo a pergunta para o professor.

Rui Prada: Este evento já faz parte da cultura deste campus, uma coisa de que me orgulho, e teve já algumas coisas interessantes. Por exemplo, chegou a estar presente num museu, replicando o MOJO daqui. O evento traz comunidades de ex-alunos e as empresas aqui à volta (como a Miniclip) e tem trazido principalmente a comunidade de desenvolvimento portuguesa. É um dos eventos que ajudam a criar uma comunidade, passa a informação dos que se faz nos jogos de dentro para fora (do técnico) e em termos de resultados, as pessoas que vão saíndo para o estrangeiro levam um pouco esta imagem, esta experiência que partilham.

Qual é o papel do Laboratório de Jogos no meio deste evento?

Carolina: Nós somos um grupo de estudantes que está muito relacionado ao departamento de engenharia informática. Nós servimos de apoio a estas disciplinas de jogos que decorrem no Mestrado de Engenharia Informática e de Computadores. Tudo o que passa por esta montra de jogos e mesmo as formas de apoiar estes alunos, passam pelo grupo e pela equipa do Laboratório de Jogos.

Passando para o Miguel. Conta-me um pouco da variedade que há de jogos disponíveis neste evento. O que é que as pessoas podem esperar ver quando visitam um MOJO?

Miguel: Eu acho que em qualquer ano, e esta é uma das grandes mais-valias do nosso curso de jogos, é que os alunos podem explorar o que quiserem. Podemos encontrar jogos em terceira pessoa, 3D, primeira pessoa ou 2D. Temos jogos baseados em cooperação, jogos competitivos entre jogadores, experiência de single player. O mais interessante é ver como toda gente consegue fazer o que quiser dentro da disciplina e com o tempo que têm para produzir cada jogo.”

Eu vi ali fora e estive agora mesmo a experimentar um jogo com comandos um pouco peculiares. Para jogar utilizei controladores construídos com peças de LEGO, queres falar-me um pouco sobre esse jogo?

Miguel: Esse jogo não é de um dos alunos, porque nós no MOJO também aceitamos participantes de fora e um dos grupos de alunos que faz jogos aqui no ténico, o GameDev Técnico, esteve recentemente presente em Copenhaga para participar na Nordic Game Jam. Um dos patrocinadores deste evento foi a LEGO, que estava à procura de novas maneiras de juntar o mundo físico e o mundo virtual numa espécie de brincadeira. Desafiaram as pessoas, oferencendo vários motores e sensores, a fazerem brinquedos interativos que interagissem com os jogos. Aí criou-se um jogo à base de LEGOs, onde um dos jogadores controla uma manivela com um motor LEGO e o outro tem um mapa do jogo com uma lanterna para selecionar diferentes pontos de interesse e assim interagirem entre si.

Voltando para o Professor Rui Prada. A maior parte dos jogos que estão presentes no evento são de alunos que estão a completar cadeiras ou que estão a preparar teses de mestrado. Esta montra permite uma primeira interação com o público e obriga estes produtores amadores a explicar e mostrar os seus jogos a um público diferente do que estão habituados nos seus testes. Isto é um ponto positivo para os seu desenvolvimento enquanto futuros trabalhadores da indústria?

Rui Prada:Sim, passar pela experiência de mostrar o jogo ao público é uma das mais-valias. Isto está de propósito na cadeira específica como parte curricular porque é das coisas mais importantes para o sucesso de um jogo. Nós podemos pensar num jogo, ter uma boa ideia mas enquanto não o mostramos e não vemos as pessoas a jogar, não conseguimos avaliar se está a funcionar. A participação no evento é também um grande motivador para o próprio trabalho. Senti nisso que os alunos se esforçam imenso para trazer um bom resultado.
E como já foi referido, também trazemos outros jogos que não estão ligados a disciplinas para tentar criar a comunidade e para os criadores verem o que os outros fazem, poderem testar os jogos uns dos outros, que também é interessante, dado que durante a disciplina cada um está mais focado no seu projeto.

Qual é a opinião geral dos alunos que estão a mostrar os seus jogos pela primeira vez?

Carolina: Como o professor disse, eles estão muito entusiasmados por verem o seu jogo ser testado pela primeira vez pelas pessoas que vêm aqui visitar a Montra de Jogos. Muitos deles ficam espantados ao ouvir algumas opiniões, muitos procuram mesmo esse feedback e é sempre uma mais valia verem tantas pessoas virem cá e até visitantes de algumas empresas experimentarem os seus jogos. É uma opinião geral de que toda a gente gosta de estar a testar o que fez, mostrar o seu trabalho e ver o que valeu a pena.

Falávamos há pouco de alguns protocolos que existem com empresas da área. Quer avançar um pouco mais sobre isso?

Rui Prada: Sim, temos tido colaboração, não necessariamente protocolos escritos, mas colaboração. Principalmente porque os nossos alunos acabam por ocupar postos nestas empresas então vêm e visitam-nos. Também nos ajudam no desenvolvimento de alguns protótipos, com formação e até com algum material que nos possam emprestar. Também trazem os seus jogos para serem testados aqui. Mais do que isso, gostava de salientar a colaboração que nós conseguimos com outros alunos. Desde o príncipio e com o objetivo de criar equipas heterogéneas, temos tido colaboração com alunos de Belas-Artes e do lado da escrita com alunos da Escola Superior de Comunicação Social. Com isto conseguimos criar grupos em que alunos do Técnico, mais focados em programação, conseguem integrar nos seus trabalhos arte gráfica, animação, escrita interativa, storytelling e fazer um produto muito mais interessante. Para além disso, todos aprendem a trabalhar em conjunto e percebem o desafio que é fazer um jogo.

Miguel:Quanto a esta colaboração que o professor estava a falar com os alunos de artes, no meu caso, eu já passei por esta disciplina e foi uma conexão que depois mantive. Eu e o artista que conheci já fomos a competições de jogos juntos e foi algo que consegui criar com a disciplina. 


Fiquem com algumas imagens desta Montra de Jogos que decorreu no dia 27 de junho no átrio principal das instalações do Taguspark do Instituto Superior Técnico:

Estes são alguns dos jogos que marcaram presença no evento (nem todos são jogáveis):

Daedalus Maze
Maze Bomber
Castiria
Aurum
Bee Trial
Through the Misty Gate
CatNap
Sanfaro Drive
Nexus
A Child’s Tale
Tooth Fairy
Cosmic Delivery
Oniden
Project Vidda
Cow Stealer
Odyssey
Adfectus
CHEMTOUCH
Winds of Berkana
Jotunheim
20 Ways to Answer Binary Questions in VR
Ecosystem Game
Smashcart Ultra
Space Jammers
CUBOS.

Para saberes mais sobre o Laboratório de Jogos e sobre o MOJO visita o site oficial. Esta foi a primeira edição presencial do evento em dois anos, devido à pandemia global de COVID-19, decorrendo em forma digital durante essa época.

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