A ESPN é um clube de esports escolar, sediado na Escola Secundária de Pinhal Novo. Com vários objetivos e motivações a mover o projeto, estivemos à conversa com Bruno Rodrigues, o fundador do clube, para perceber em que consiste esta inovação e de que forma trabalham para fazer chegar os esports aos alunos do ensino secundário.

A ESPN é um projeto de esports escolar… fala-me um pouco desse projeto e de como surgiu a ideia.
Bruno: Obviamente inspiramo-nos em várias equipas universitárias, até porque já existem ligas e quisemos trazer esse ponto para o ensino secundário. Acho que o ensino secundário é ainda mais crucial que o ensino superior porque é uma fase que os alunos estão a tentar descobrir que área querem seguir. Por isso, acho que dar uma oportunidade a esses alunos de conhecer o cenário competitivo e a indústria dos esports poderá ser o que é necessário para lhes fazer acender uma faísca, ganharem o gosto pela área e perceberem “ok, isto é uma indústria que é possível seguir com o trabalho e dedicação certos” – nós queremos explorar esses horizontes e incentivar alunos a possivelmente seguirem esse caminho profissional.

Mas tendo em conta o panorama nacional atual, não é exatamente uma perspetiva realista, pelo menos enquanto jogadores. Vocês têm isso em conta ao passarem essa informação aos alunos?
Bruno: Tentamos encarar como se fosse qualquer outro trabalho realizado pela internet. Obviamente que é algo que ainda está pouco desenvolvido em Portugal, mas tal como o YouTube ou Twitch, pode ser algo que no início não passa de um hobby, mas que eventualmente poderá passar a ocupação profissional. Queremos dar oportunidade a esses jogadores de começarem a criar currículo e, se possível, ingressarem em alguma equipa portuguesa, ou mesmo internacional, para iniciar a carreira.

A escola secundária do Pinhal Novo acolheu de bom grado o projeto.

E que tipo de apoio é que vocês prestam aos alunos?
Bruno: Principalmente tentamos criar um ambiente de camaradagem e de equipa em que estes podem competir, porque obviamente em jogos como CS ou LoL é impossível competirem sozinhos. Ao darmos essa oportunidade de conhecerem pessoas que partilham a mesma mentalidade competitiva, com os mesmos desejos, conseguem assim treinar e desenvolver capacidades de forma mais controlada. Acho que, principalmente fisicamente, é um ambiente totalmente diferente. Para além de criar bastantes capacidades no cenário de esports, ajuda também a desenvolver outras que são importantes no mercado de trabalho, como trabalho de equipa, responsabilidade, dedicação… acho que o aspeto físico do nosso clube é algo que nos distingue de outras equipas amadoras. Porque é totalmente diferente darmos indicações a uma pessoa que está ao nosso lado do que a uma pessoa do outro lado do ecrã. Temos também o nosso patrocinador que oferece 5% de desconto em qualquer produto da loja comprada através do clube, o que também nos ajuda pois recebemos uma pequena comissão.

Mas vocês têm condições para esse tipo de treinos, presencialmente?
Bruno: Até agora tem sido uma das nossas grandes dificuldades. Nós conseguimos desenvolvermo-nos em duas modalidades: Clash Royale, por ser em telemóvel, e o Magic em formato físico. Infelizmente, nós temos tratado do assunto com a escola e com o nosso professor de informática, prof. Carlos Carvalho, que tem sido extremamente prestável e conseguiu baixar a firewall do lado da escola. No entanto, aparenta existir um outro bloqueio mais rígido em certos sites que impede a conexão aos servidores em vários jogos. Estamos a tentar entrar em contacto com o Ministério da Educação para perceber se é possível baixar esse bloqueio ou não. Uma das nossas grandes ambições é, de facto, criar esse ambiente e estamos a fazer tudo para que seja possível.

Então vocês já são reconhecidos pela administração da escola e contam com o apoio da mesma, tendo em conta que falaste no professor?
Bruno: Sim, somos como qualquer outro clube escolar, tivemos de falar com a direção para o criar. Foi-nos cedido o espaço da biblioteca durante as quartas-feiras da parte da tarde, que é onde é possível utilizar os equipamentos que necessitamos, nomeadamente os computadores. Infelizmente, apesar de termos acesso aos mesmos, não temos acesso aos servidores, como referi antes. Mas sim, somos reconhecidos pela direção, trabalhamos constantemente com eles e estamos também em conversas com a Fepodele para federarmos o clube.

Tendo isso em conta, que medidas têm tomado para tornar a vossa presença notada?
Bruno: Ainda não iniciámos uma campanha de publicidade muito forte, até porque estamos no processo de criação de um logotipo novo. A nossa imagem atual é bastante básica, mas já temos esse processo quase concluído. Após esse passo, pretendemos fazer publicidade através de posters afixados na escola e de um pequeno vídeo publicitário que será publicado nas nossas redes sociais e que irá passar também numa televisão da escola. Apesar de não poder avançar com muitas informações em relação a isto, estamos também em contacto com diversas organizações, entidades e até streamers para conseguirmos uma promoção do nosso clube, não só dentro, mas também fora da escola.

Queres deixar algum comentário para terminar a entrevista?
Bruno: Quero apenas agradecer a todas as pessoas que nos têm ajudado, tanto dentro da nossa organização como fora, em especial aos professores Carlos Carvalho, Anabela Ferreira, Sérgio Marta e, como não poderia deixar de ser, ao professor José Peixoto, que é o gerente da nossa patrocinadora, a loja Conflux Games and Events. Queria também agradecer a toda a gente que me tem apoiado neste projeto – têm sido espetaculares, têm-nos ajudado muito e, tendo em conta que temos apenas 2 meses, temos feito progressos enormes e estou com muita esperança de que consigamos levar o clube a atingir os nossos objetivos! Acredito que, até quando chegar a nossa vez de sair do clube, possamos ter outro tipo de oportunidades.

O projeto pode ser acompanhado através das redes sociais:

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